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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Pela 1ª vez, estudo acha plástico em mar do polo Norte


A grua do navio levanta e despeja no convés uma rede em formato de cone. A oceanógrafa inglesa Clare Miller, porém, sabe o que procura ali --e não são peixes. Ela logo esvazia a ponta da rede dentro de um balde, revelando algas, plâncton e... plástico. 

Em apenas uma hora dentro d'água, a rede de Miller coletou pedaços minúsculos de plástico e nylon numa das regiões mais remotas do oceano: o mar de Barents, a noroeste do arquipélago de Svalbard, Noruega, a menos de 1.300 km do polo Norte. 

A coleta, feita a bordo do navio Arctic Sunrise, do Greenpeace, comprova pela primeira vez algo de que já se desconfiava: o Ártico também está contaminado por lixo. 

A descoberta é preliminar: foram apenas quatro amostras coletadas, que ainda serão analisadas num laboratório em Exeter, Reino Unido. 

Mas a mera existência de plástico nas águas supostamente límpidas do Ártico é motivo de preocupação. 

"Ninguém sabia o que encontraríamos. O local onde lançamos a rede é uma região selvagem, sem nenhum assentamento humano por perto", disse Miller, mestranda em oceanografia na Universidade de Southampton. 

O lixo é difícil de ver a olho nu. Ele é composto, em sua maior parte, de pedacinhos de plástico bastante degradados pelo Sol, que ficam em suspensão na água. 

Os restos são tão pequenos que precisam ser capturados com uma rede especial, feita para coletar plâncton (animais e algas microscópicas). 

Segundo Miller, o tamanho dos pedaços de lixo e a ausência de outros indicadores de poluição, como bolas de piche, sugerem que o plástico é "importado", chegando ao mar de Barents trazido por correntes marinhas como a do Golfo, que sai do Atlântico tropical e banha a Europa. 

"Não me surpreenderia se encontrássemos no Ártico condições tão ruins quanto em outras partes, por causa das correntes", afirma Frida Bergtsson, do Greenpeace. 

Lixo Generalizado 

O lixo marinho invisível é um problema global. A ONG mantém uma base de dados de plástico coletado por seus navios em dez outras regiões do planeta. Todas revelam alguma contaminação.

De longe a pior situação é a do norte do Pacífico, que abriga a famosa "grande mancha de lixo". 

É uma zona que pode chegar a 15 milhões de km2 (quase o dobro do território do Brasil) na qual a água concentra uma grande quantidade de plástico trazido da Ásia e da América do Norte, mantida ali por correntes em giro. 

No mar, o lixo é engolido por animais marinhos e entra na cadeia alimentar --quando não os mata. 

Resto de Redes 
A presença de restos de redes de pesca de nylon nas amostras coletadas por Miller também é típica da contaminação por plástico. 

Segundo Bengtsson, o problema é tão disseminado que o governo norueguês freta periodicamente barcos de pesca para buscar equipamento descartado no mar. 

Em 2008, um mapeamento publicado na revista "Science" por cientistas americanos mostrou que 100% dos oceanos sofrem algum tipo de impacto humano. Uma das zonas mais degradadas é justamente o mar do Norte, vizinho de baixo do Ártico. 

O jornalista CLAUDIO ANGELO viajou ao arquipélago de Svalbard a convite do governo da Noruega e do Greenpeace 

http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/971001-pela-1-vez-estudo-acha-plastico-em-mar-do-polo-norte.shtml 

Os artigos clipados da mídia não refletem, necessariamente, a opinião do Instituto de Pesca. Apenas os artigos assinados pelo Instituto refletem a sua posição.



Fonte: Folha.com
Claudio Angelo
Enviado Especial A Svalbard 

Povos do mar - Os índios da praia


Ciência e sagrado: aliados para a medicina popular



Cacique Pequena passa para seu povo as receitas de lambedores que vem passando entre gerações. A oficina aconteceu durante o I Encontro Sesc de Povos do Mar, em agosto


Pajé Luís Caboclo diz que além de ter dia certo para preparar o lambedor, o cuidado com a extração das ervas é essencial
Tanto do mar quando do sertão, os povos continuam a prática de aliar os benefícios das ervas medicinais à fé para cura de enfermidade

Caucaia. "Pai-Tupã nos dai força/ Para nós aqui lutar/ Fazer esse lambedor/ E o doente vir curar". Lambedor é que nem feijão com arroz. Um bom preparo faz toda a diferença. Cacique Pequena, índia jenipapo-kanindé, de Aquiraz, diz que é preciso pensar coisas boas. Ou seja, não basta colocar na panela, tem que saber porque está colocando. Os índios da praia e os sertanejos do semiárido aliam o conhecimento fármaco das ervas medicinais e a posição dos astros ao poder da oração na cura dos enfermos. Fazem remédios de tudo o que a natureza pode oferecer. E "oferecer" aqui inclui no sentido da própria vontade da natureza. "O homem tem que pensar junto com ela, nunca separado", diz pajé Luís Caboclo, índio Tremembé. Com pensamento na cura, ciência e sagrado se aliam com um mesmo objetivo: saúde.

A diferença entre a água comum e a "água benta" é o quanto de intenção que se deposita ali. A antropologia explica com a cultura. A ciência metafísica chama de poder da mente, as culturas dos povos chamam de fé. É o que defendem as rezadeiras, benzedeiras e os guias espirituais indígenas. "Tem gente de Fortaleza que vem para a Encantada só fazer a ´meizinha´. O menino do doutor ´tava´ muito gripado, fiz um litro de mel lambedor", diz cacique Pequena. Um lambedor poderoso precisa ter raiz de vassourinha (nome científico Scoparia dulcis), campim-santo (Cymbopogon citratus Stapf), alho (Allium sativum) e outros produtos da natureza também conhecidos como mastruz, cidreira, eucalipto etc.

Existe mistura para o combate a vários tipos de doença. "Mas se você não botar fé, aquilo ali num vai valer de nada", esclarece. Segundo a índia, o remédio é um conjunto de forças. "A energia já vem na planta. E eu vou fazendo o mel e pensando nas orações ao pai-tupã. E depende das energias também de quem está ao redor, pessoas que pensem o contrário das coisas boas, podem atrapalhar, a gente tem que ser mais forte". Fora da linguagem indígena, pai-tupã pode ser resumido a "Deus", na cultura dos povos o maior criador de todas as coisas. A dona de casa Maria da Penha, da comunidade de Pacheco, em Caucaia, dividiu a preparação de um lambedor com a cacique Pequena. As duas mulheres participavam do Encontro dos Povos do Mar promovido pelo Sesc na Praia de Iparana, em Caucaia. "A gente não faz orações, só fica com o pensamento bom quando ´tá´ fazendo", diz Maria da Penha.

E se o ser humano é apenas um ponto minúsculo em um gigante universo, os populares que fazem preparos com as ervas medicinais (e especialmente os índios) apontam a interferência dos astros, dos planetas e da lua na concepção do remédio. O cacique João Venâncio, da etnia Tremembé, em Almofala, Município de Itarema, diz que não tem uma receita de plantas medicinais que, ao ser preparada, deixe de levar em conta a "linguagem do céu". Os Incas, povo que vivia entre Peru e Chile antes da invasão dos espanhóis, só faziam o plantio com a orientação dos astros. Bem antes deles, estiveram os egípcios e os hebreus (há mais de quatro mil anos). A diferença entre essas práticas que fundem ciência e sagrado é que hoje estão muitas vezes relegadas ao plano das expressões culturais das comunidades.

Projeto

Mas na Universidade Federal do Ceará (UFC) é desenvolvido o projeto "Astronomia agrícola aplicada à agricultura orgânica", já tema de reportagem no Caderno Regional no ano de 2008. O projeto foi criado sob a coordenação do professor doutor em Bioquímica Vegetal, João Batista Freitas.

De acordo com o estudioso, o plantio em diferentes fases da lua pode provocar alterações nas plantas, desde a quantidade de folhas, frutos, altura do vegetal e sua maior fixação ou não no solo. Dessa forma que, segundo o professor, a aproximação da lua pode gerar efeitos negativos na agricultura, assim como o plantio, quando a lua estiver longe, pode causar uma melhor fixação no solo. Esse acompanhamento ajudaria no controle de pragas. A astronomia agrícola estuda o comportamento dos astros e sua relação no desenvolvimento das plantas. Os povos indígenas e sertanejos não se apropriam do termo, mas usam o conhecimento. (MJ)

MAIS INFORMAÇÕES
Astronomia Agrícola aplicada à Agricultura Orgânica
Universidade Federal do Ceará
(85) 3366.9613 / 3366.9713

ERVAS MEDICINAIS

Ancestralidade fortalecida

Enquanto preparam lambedores, garrafadas e méis, índios Tremembé repassam cultura ancestral

Caucaia. Para cada doença, uma ou mais ervas. Para todo e qualquer mal, uma natureza inteira oferecendo uma ou várias soluções. É com esse pensamento que os índios Tremembé, do distrito de Itarema, em Almofala (zona norte do Ceará) indicam os mais diversos remédios para os doentes que pedem uma "sugestão". A sabedoria popular é repassada aos mais novos, e ganha legitimidade (e continuação) a cada "remédio" tomado e doença "expurgada". A medicina popular tenta não entrar em conflito com a medicina convencional. Os índios repercutem para as pessoas que os procuram como eles próprios fazem para acabar o mal no corpo.

"No nosso organismo temos um ´vermezin´ que briga contra a doença. A doença tem uns ´microbiozin´ que entram e brigam com a gente. Todos temos um câncer, só muda que em algumas pessoas ele uma hora fica mais forte que os nossos ´vermezin´, aí acaba instalando a doença", explica o pajé Luís Caboclo, guia espiritual dos índios Tremembé.

Ele defende a boa convivência com a natureza como uma forma de o homem conseguir dela o que deseja. O pajé tem 60 anos e se gaba de ser saudável. "Eu não me troco por um cabra novinho, não. A mulher até hoje ainda tem ciúmes", brinca, sobre sua "juventude".

Cultura oral

Mas a transmissão do conhecimento pela oralidade é repercutida não só nas gerações de pajés. De tanto resolverem por si só muitas doenças que os assolam, os Tremembé já sabem o que fazer quando bate uma tosse com secreção no peito. Correm para o verde, catam as folhas "certas" e preparam chás e méis. O cacique João Venâncio deu a este repórter uma receita para gripe, "daquelas que tosse mas o catarro não sai": bater três ovos de galinha caipira com casca e tudo em um vaso com 15 limões cortados e espremidos. Em seguida colocar um pouco de mel de abelha e deixar em banho-maria por três dias "no sereno". "Fica tomando uma colher de manhã, outra meio dia e mais uma à noite", explica. Se a gripe for de muito tempo, recomenda repetir a receita oito vezes, e não deixar de tomar um só dia, para não "quebrar" o efeito.

Receitas diferentes

O cacique diz que são várias as receitas, para cada pessoa, idade e nível de doença. "Tem que ver o momento certo de preparar, não é qualquer dia. Se a maré estiver rasante não pode", conta.

O cuidado se repete com a forma de extrair folha das plantas. "Tem que ter cuidado para não estressar a planta. Tem muita coisa que a gente pode conseguir na natureza sem precisar pagar", afirma o cacique, referindo-se aos remédios na farmácia que, segundo ele, fazem a dor passar, "mas não tira a dor de dentro do corpo da gente, ela ainda está ali".

O pajé Luís Caboclo, que é, por lei Estadual, Mestre da Cultura Popular Tradicional do Ceará, ressalta que a natureza tudo oferece, e cabe ao homem oferecer amor.

"Quando nós não ´fala´, as pedras falam", retruca ele que quando prepara os remédios diz ter contato espiritual com os "encantados". (MJ)

MELQUÍADES JÚNIOR
REPÓRTER

Às Estrelas


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