Todos pela Natureza!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Plantas estrategistas contribuem para recuperação de solos degradados


  • Pesquisador do Instituto desenvolve trabalho com plantas que demonstram capacidade de melhorar solos de áreas prejudicadas pela ação do ser humano

Quando se fala da biodiversidade Amazônica logo vem à mente beleza, riqueza e números elevados que sugerem uma variedade grande de espécies. Entretanto toda essa riqueza não foi ainda explorada e por isso é necessário conhecer os recursos de biodiversidade da Amazônia que possam contribuir para o seu desenvolvimento.

É com esta finalidade que o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) Luiz Augusto Gomes de Souza dedica sua carreira a estudar uma família de plantas extremamente diversificada e que na região amazônica é bastante numerosa, as Fabaceae, conhecidas também como leguminosas.


Copaíba

A necessidade de valorizar economicamente a biodiversidade é apoiada em pesquisas sobre os recursos da vegetação nos diferentes biomas amazônicos. “Neste cenário, um levantamento abrangente das espécies de Fabaceae nas matas primárias de terra firme, campinaranas, igapós e mesmo em áreas submetidas a alterações em nossa região, torna-se essencial para um aumento do conhecimento e das possibilidades de aproveitamento das espécies existentes nesta parte da Amazônia”, explica Souza.

Há uma grande variedade de hábitos de crescimento dentro da família botânica das leguminosas e as espécies variam de ervas anuais a árvores de grande porte. “O Brasil tem um estoque genético muito grande dessas espécies, como, por exemplo, copaíba, cumaru, jacarandá, visgueiro, macacaúba, mulungu etc, que são árvores de grande porte encontradas facilmente na floresta Amazônica”, acrescenta o pesquisador.


Cumaru

Trabalho desenvolvido por  Luiz Augusto do Inpa, com plantas da família Fabaceae, demonstra a capacidade das mesmas de melhorar solos de áreas prejudicadas pela ação do ser humano.

Há uma grande variedade de hábitos de crescimento dentro da família botânica das leguminosas e as espécies variam de ervas anuais a árvores de grande porte.


Macacaúba

Plantas estrategistas

Classificadas como plantas estrategistas, as Fabaceae, contribuem para a melhoria dos solos em áreas degradadas ou mesmo em práticas relacionadas com a agricultura sustentável. Uma das particularidades de muitas espécies que compõem essa família de plantas é a capacidade de captação do nitrogênio atmosférico através da associação com bactérias do solo (conhecidas como rizóbios).

“Isto se torna possível, porque através desta associação, há a formação nas raízes das plantas, de estruturas benéficas chamadas de nódulos radiculares, onde ocorre a fixação do nitrogênio, acontecendo então uma das mais perfeitas e práticas relações ecológicas identificadas entre os vegetais e os microrganismos”, esclarece Luiz Souza.


Mulungo

No processo da fixação de nitrogênio (passagem deste elemento da forma gasosa para a estrutura dos compostos orgânicos do interior da planta), a leguminosa alimenta a bactéria com produtos da fotossíntese e a bactéria é responsável pela assimilação do nitrogênio que está na atmosfera tornando-o disponível para o desenvolvimento da planta, onde o nitrogênio está presente principalmente nas folhas e, desta forma, entra no solo e nos sistemas de produção agrícola.

Para o pesquisador, apesar da região amazônica possuir “uma mata exuberante”, as áreas de terra firme apresentam problemas relacionados ao solo, pois muitas vezes estes são ácidos ou arenosos e podem ter níveis excessivos de alumínio trocável, o que compromete a fertilidade, em decorrência da baixa capacidade de retenção de nutrientes ou mesmo pela presença de elementos tóxicos.


Visgueiro

Estudos associados

Para conhecer mais sobre as potencialidades da biodiversidade e dos recursos naturais da região Amazônica, Souza realiza dentro do projeto CTPetro Amazônia estudos agronômicos e silviculturais com as leguminosas da Bacia Petrolífera de Urucu, município de Coari (AM), com o intuito de identificar entre as espécies presentes naqueles ambientes, quais são as mais aptas para um plantio mais intensivo e que podem contribuir para a recuperação de áreas alteradas.

Nos trabalhos já realizados na área foram identificadas 80 espécies de leguminosas, sendo 51 árvores, 17 lianas, seis arbustos e seis ervas. Assim, a elevada biodiversidade vegetal da área, sugere um melhor aproveitamento do potencial econômico e ecológico das espécies como área de coleta de sementes para pesquisa, reflorestamento e recuperação de áreas degradadas.


Jacarandá

“As diferentes espécies de Fabaceae podem ser úteis e aproveitadas nos agroecossistemas para produção de madeira e seus subprodutos e também como plantas que podem oferecer serviços aos sistemas de produção pelo cultivo para adubação verde, sombreamento, sistemas agroflorestais, cobertura do solo, controle de erosão, etc., contribuindo com o incremento e sustentabilidade em nitrogênio nos sistemas em que são consorciadas”, exemplifica Souza, que acrescenta ainda que o avanço dessas pesquisas podem “indicar as melhores espécies para cultivo, contribuindo para a conservação e preservação dos recursos de biodiversidade existentes naquelas áreas”.

Inpa/MCTI

Dilma poderá vetar parte do Código Florestal, diz Ideli Salvatti


A ministra da secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, sinalizou nesta quinta que a presidente Dilma Rousseff poderá vetar parte do Código Florestal, projeto aprovado ontem à noite pela Câmara dos Deputados. Ideli afirmou que pontos que se referirem à anistia a desmatadores ou que prejudiquem os pequenos agricultores não terão apoio do governo.

"(Tenho a) convicção de que aquilo que representar anistia não terá apoio, não terá respaldo do governo", disse a ministra, que esteve no gabinete do líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), onde, na presença de artistas, recebeu o relatório final da CPI do Ecad. "Qualquer questão que possa ser interpretada ou na prática signifique anistia, eu acredito que isto tem grandes chances de sofrer o veto".

Ideli disse lamentar o fato de os deputados não terem mantido o projeto aprovado anteriormente pelos senadores. "Nós temos a convicção de que aquilo que saiu do Senado daria uma tranquilidade maior. Como não foi isso que prevaleceu na votação da Câmara, vamos ter que aguardar a decisão da presidenta", afirmou.

Na entrevista, a ministra avaliou que não houve falha da articulação política durante a discussão do projeto. Ela disse ter realizado muitas reuniões no seu gabinete, tendo feito apelo aos líderes partidários sobre o que o governo considerava o mais adequado a ser aprovado.

Ideli disse que antes do final de maio sairá uma decisão sobre eventual veto. Por lei, a presidente tem 15 dias, a partir da data da chegada oficial do texto ao Executivo, para avaliar se derruba ou não o projeto ou parte dele.

Agência Estado

Survival International lança nova campanha pela sobrevivência dos Awá-Guajá


Cena que abre o vídeo da Campanha pela sobrevivência dos Awá-Guajá


  • Lançada nesta quarta-feira, 25, a campanha denuncia a violência a qual os Awá-Guajá estão expostos na Amazônia maranhense.

Com o objetivo de salvar “a tribo mais ameaçada do mundo”, a campanha internacional tem como carro-chefe um curta-metragem, acompanhado de um website com detalhes sobre o desmatamento da TI Awá por invasores não indígenas, além de fotografias e depoimentos exclusivos dos próprios Awá-Guajá. Com apoio do ator inglês Colin Firth, a mobilização pede a intervenção do Ministério da Justiça para a expulsão derradeira dos invasores do território tradicional desse povo indígena.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, principal interlocutor da campanha, já se pronunciou sobre o assunto, sem, contudo, indicar quais providências tomará sobre o caso. Conforme informações divulgadas pelo portal UOL, Cardozo afirmou no dia 24/4 que é impossível evitar situações de violência contra os povos indígenas por conta da “imensidão do território brasileiro”.

A ocupação ilegal e permanente nas Terras Indígenas que compõem o território awá-guajá – as TIs Awá, Alto Turiaçu, Caru – não é novidade. A nova campanha da Survival International chama a atenção sobre uma situação grave, há muito conhecida e denunciada.

Em agosto de 2011, um grupo de pesquisadores, vinculados a ONGs e instituições de pesquisa nacionais e internacionais, encaminhou uma carta à presidente Dilma Rousseff cobrando providências que evitassem a extinção do povo Awá-Guajá no Maranhão. Entre elas, estava o pedido de criação, em caráter de urgência, de uma força-tarefa interministerial, que desse consequência a ações imediatas para proteger os Awá e suas florestas. Leia a cronologia sobre os Awá apresentada à presidência da República.

A TI Awá sofre também o impacto de obras de infraestrutura e está na área de influência da estrada de ferro Carajás (Companhia Vale do Rio Doce), de 892 km, cuja duplicação foi iniciada em meados de 2011.

Há também evidências de três grupos awá-guajá isolados na Ti Araribóia - de usufruto dos índios Guajajara -que somam 60 indígenas gravemente ameaçados pelos invasores.

Histórico das pressões

Desde 1985, quando foi identificada pela Funai, a TI Awá passou por diferentes delimitações. O reconhecimento teve início na década de 1980, mas ficou parado por conta da forte oposição de fazendeiros, madeireiros e posseiros que ocupam a área desde a década de 1950.

Já em 1994 um equipe de trabalho da Funai havia tentado iniciar a demarcação física da TI Awá, mas foi impedida de continuar por moradores da região. Só em 2002 o processo de demarcação pode ser retomado tendo sido finalizado em 2003.

Em 2002 o Ministério Público Federal ajuizou uma ação civil pública pela demarcação da terra. A sentença da ação, proferida em 2009 – após o decreto de homologação da TI, de 2005 –, determinou a nulidade e a extinção dos atos que tenham possibilitado a ocupação de terras no interior da TI Awá, incluindo aqueles praticados pela empresa Agropecuária Alto Turiaçu – que reivindicava judicialmente a posse de 37 980 hectares situados na terra Awá. A sentença, que determinava também a retirada dos posseiros e das instalações da Agropecuária Alto Turiaçu, contudo foi suspensa no mesmo ano pelo presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª região, Jirair Aram Meguerian, a pedido da prefeitura do município de Zé Doca (MA).

Os recursos dessa decisão foram julgados pela Sexta Turma do TRF da 1ª região em 9 de dezembro de 2011, que determinou, por unanimidade, que a União e a Funai, no prazo de um ano, deveriam promover o registro em cartório da TI, além da remoção de todos os ocupantes não indígenas e suas edificações, negando provimento à apelação da Agropecuária Alto Turiaçu. O acórdão da decisão foi publicado em 7 de março no Diário da Justiça.

Cenário desolador

Segundo informações do antropólogo Uirá Felippe Garcia, publicadas no livro Povos Indígenas no Brasil 2006-2010, além da TI Awá, as áreas Alto Turiaçu e Caru (homologadas em 1982) e a Reserva Biológica (Rebio) do Gurupi, estão ocupadas por fazendas de gado, carvoarias, lavouras ilegais e madeireiros.

O assédio dos madeireiros às TIs no Maranhão aumentou justamente a partir 2008, quando o Ibama intensificou a repressão ao desmatamento no Pará. Na Terra Indígena Awá, a porcentagem de desmatamento da cobertura vegetal é de 31,19%. O desmatamento cresceu principalmente entre 2008 e 2009: em apenas um ano, a área desmatada foi de 17 para 6216 hectares. Também na TI Araribóia o desmatamento cresce em ritmo vertiginoso. Como é possível verificar no gráfico abaixo, o período de 2007 a 2009 representa 56% do total desmatado em dez anos na terra.

Operações pontuais foram realizadas na área, como a Operação Arco de Fogo, de 2009, deflagrada em vários estados da Amazônia. Para Uirá Garcia, apesar de terem resultados momentâneos (como a apreensão de grandes quantidades de madeira extraídas das áreas e o fechamento de algumas serrarias), esses esforços acabam sendo ineficazes nas áreas awá-guajá, porque os madeireiros costumam retornar a elas logo que as operações terminam.

“Tanto os madeireiros que invadem a área para marcar e extrair madeira, quanto os posseiros, quase sempre são pessoas miseráveis e esquecidas; muitas vezes são eles os incriminados pelas autoridades quando encontrados nas TIs. A maior ameaça está em quem de fato está 'apertando o gatilho': o conjunto de empresários, fazendeiros, políticos locais e (agora) traficantes que aliciam tais trabalhadores, estimulando a invasão das áreas indígenas, e que jamais são autuados e punidos”, avalia o antropólogo.


Um pouco da cultura e filosofia de um povo do bem:

Programa Fantástico (Globo/2011)


‘Nós vivemos na profundeza da floresta e estamos encurralados conforme madeireiros avançam. Estamos sempre fugindo. Sem a floresta, não somos ninguém e não temos como sobreviver.’ (To’o Awá)

Bruno Fragoso, coordenador da Frente Etnoambiental da Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato - CGIIRC - da FUNAI, em entrevista para Globo Fantástico, afirmou, “Os awá-guajá, no processo de aceleração de invasão em que se encontram, se não houver ação rápida e emergencial, o futuro desse povo é a extinção”. (Globo.com 2011)

domingo, 22 de abril de 2012

O “Vale dos Esquecidos”, por Maria Raduan





Diretora registra luta pela terra na Amazônia


O Brasil está com a economia em plena ascensão enquanto os países europeus e os Estados Unidos se viram com a crise financeira. Vai sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, dois dos principais eventos esportivos mundiais. E vai se tornar um dos maiores exportadores de petróleo do planeta após a descoberta do pré-sal. Aparentemente, já estamos no “Primeiro Mundo”. Mas a verdade é que, longe do litoral, o país ainda enfrenta problemas típicos do Terceiro Mundo, como a questão da posse da terra.

Índios, fazendeiros, posseiros, grileiros e movimentos sociais travam uma verdadeira batalha nas regiões do Centro-Oeste e Norte do país. Essa guerra, que já dura décadas e vem tirando cada vez mais vidas e desmatando a região amazônica, é o tema do documentário “Vale dos Esquecidos”. Dirigido por Maria Raduan, o filme estreou nesta sexta-feira (20/4) em São Paulo e no Rio de Janeiro, após passar por alguns festivais nacionais e internacionais.



“A história de ‘Vale dos Esquecidos’ é igual a tantas outras na Amazônia, os personagens são sempre os mesmos”, lamenta a diretora, em entrevista exclusiva à Pipoca Moderna. “A ideia foi mostrar um microcosmo que representa a Amazônia e todo o ‘interiorzão’ do Brasil”, definiu.

A cineasta Maria Raduan conta que o filme surgiu inicialmente com a proposta de expor a história dos índios Xavante, que vivem na região, e sua situação diante da luta por seu espaço, mas logo de cara ela viu que o buraco era ainda maior e mais embaixo.



A Fazenda Suiá-Missú, no Mato Grosso, já foi considerada o maior latifúndio do mundo, ocupando uma área equivalente a 252 vezes a ilha de Manhattan (Nova York), mas tem sido constantemente tomada por diferentes grupos: índios já foram expulsos, grileiros se apropriam com interesse comercial, fazendeiros apresentam documentos de compra que não são reconhecidos pelo Ministério Público Federal e organizações poderosas também se interessam pelo local para o desenvolvimento da agropecuária.

A situação é caótica e mesmo o Estado Brasileiro não consegue (ou não quer) resolvê-la: desde 2010, a Justiça Federal determinou que a região é uma área indígena, porém os outros ocupantes se recusam a abandonar o local.



Para discutir sobre o assunto, Maria resolveu fazer uma “radiografia” cinematográfica, realizando uma complexa pesquisa com fotos, áudios e imagens, além de recolher depoimentos de todas as partes envolvidas.

“Desde a concepção do projeto, quis adotar uma postura de isenção, quis apresentar a história e seus diversos lados. E todo o esforço de montagem do filme é para que o espectador tenha elementos para entender o contexto historicamente e fazer algum julgamento, se lhe convier”, explicou a diretora.



Desta forma, ela deu voz a representantes dos grupos que reivindicam o local, uma cacofonia babélica que destaca Dom Pedro Casaldáliga, bispo duas vezes indicado ao Prêmio Nobel, o cacique Damião Paridzané, o líder Xavante Marawãtsède, o fazendeiro John Carter, o político Filemon Limoeiro, o posseiro Neto Figueiredo e a líder dos sem-terra Rosa Silva.

É um cabo de guerra com vários lados, geralmente tratado de forma superficial pela grande mídia. E para juntar suas pontas, a diretora precisou enfrentar inúmeras dificuldades, desde o acesso e locomoção na região, além das forças da natureza e a comunicação com todos os envolvidos. “É um assunto que incomoda”, ela lembra, “e os próprios entrevistados são relutantes para falar”.



Ainda assim, Maria encarou a situação e o resultado, “Vale dos Esquecidos”, é sua estreia na direção de um longa-metragem – ela já trabalha há anos com audiovisual, mas só havia realizado curtas. E para fazer justiça ao projeto, ela se cercou de profissionais experientes. Felipe Braga (roteirista da série televisiva “Mandrake” e do filme “Cabeça a Prêmio”) assinou o roteiro ao lado de diretora. A direção de fotografia contou com o alemão, radicado no Brasil há quase duas décadas, Sylvestre Campe (“O Homem Pode Voar”). E a montagem foi feita por Jordana Berg, frequente colaboradora do documentarista Eduardo Coutinho (“Jogo de Cena”).

A opção pelo tema árido tampouco se baseou em inexperiência. Ao contrário, deve-se a ela ter passado grande parte da infância no interior e ver de perto as disputas de terra. Maria é testemunha ocular de como o desmatamento cresce a níveis assustadores no país.




“Acho que a questão ambiental está cada vez mais em voga. A disputa de terras em alguma instância tem muito a ver com este tema. O futuro da Amazônia tem muito a ver com estas questões”, declarou. E o cinema nacional parece estar de olho nessa situação e vem abordando com frequência o drama dos indígenas, a violência causada pelas disputas territoriais, a exploração mineral e a derrubada ilegal de árvores na Floresta Amazônica.

“Vale dos Esquecidos” é o mais direto, mas não é o único documentário a abordar o tema. Um dos pioneiros a levantar a questão foi “Nas Terras do Bem-Virá” (2007, de Alexandre Rampazzo), que também apontou os constantes crimes da região, como o Massacre de Eldorado dos Carajás, no qual 19 sem-terras foram mortos, e o assassinato da Irmã Dorothy Stang.




O assunto também vem aparecendo com frequência na ficção e em produções de grande porte, como “Xingu”, de Cao Hamburguer, sobre a luta dos irmãos Villas-Bôas pela instituição do famoso parque nacional indígena. “Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios”, de Beto Brant e Renato Ciasca, que também estreia nesta sexta (20/4), traz novamente a região como cenário.

Em 2013, duas produções sobre o tema devem chegar ao grande público. Heitor Dhalia (“O Cheiro do Ralo”) pretende abordar o mais conhecido garimpo do Brasil em “Serra Pelada”, com Wagner Moura (“Tropa de Elite”) no elenco, e a riqueza da floresta tropical será tema da megaprodução “Amazônia – Planeta Verde”, filmada inteiramente em 3D ao custo de R$ 30 milhões. O filme é uma coprodução com a França e o roteiro é de Luiz Bolognesi (“Bicho de Sete Cabeças”). Também estão previstas as adaptações dos livros “Órfãos do Eldorado” e “Relato de um Certo Oriente”, ambos do escritor Milton Hatoum. O diretor Guilherme Coelho (“Fala Tu”) está envolvido com o primeiro título, enquanto Marcelo Gomes (“Cinema, Aspirinas e Urubus”) deve dirigir o segundo.





A própria Maria Raduan pretende refletir um pouco mais o tema em seu próximo projeto, que irá pretende analisar o impacto do gado zebu na pecuária e na economia do Brasil, a partir de sua vinda da Índia, no século passado – sabe-se que um dos grandes causadores do desmatamento na Amazônia é o avanço da agropecuária na região.

Enquanto o governo brasileiro se empenha em conquistar para o Brasil um lugar de mais destaque no mundo, o cinema nacional ajuda a lembrar que o dever de casa nem sequer foi iniciado. Longe das capitais, o clima é mais Velho Oeste que País do Futuro, com ou sem aprovação do novo Código Florestal.










Por: Leonardo Vinicius Jorge (Pipoca moderna)

Brasil restringe uso de animais em experimentos



O uso de animais em pesquisas será regulamentado no Brasil pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A instituição criou um novo formulário para que os cientistas justifiquem essa necessidade.

A partir de agora, estudiosos terão que conceder informações detalhadas sobre todos os projetos que envolvam animais. A prestação de contas será feita a comissões de ética especializadas, que prepararão relatórios anuais a serem repassados ao Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), órgão ligado ao Ministério.

O intuito das exigências é garantir que o uso de animais em experimentos só ocorra em último caso, quando não houver outro método cientificamente validado para fazê-lo. Ainda assim, duas técnicas alternativas serão recomendadas em tais situações: “in vitro”, com células isoladas em laboratório, ou “ex-vivo”, usando apenas alguns tecidos específicos, retirados do animal.

Mesmo com a nova medida, o uso de animais em experiências no Brasil precisa ser mais discutido. Por isso, o Ministério realizará um simpósio para debater o tema. O objetivo principal é capacitar os gestores das comissões de ética locais em relação às normas do setor. O evento está previsto para acontecer em Brasília nos dias 13 e 14 de junho.

O Diário Oficial da União divulgou na última quinta-feira (19) a aprovação do formulário e ele passar a valer 15 dias após a data.

Fonte G1

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Brasil protesta contra novo Código Florestal no Dia da Terra

 


Várias manifestações ocorrem em todo o Brasil contra o novo Código Florestal. Votação está prevista para acontecer no dia 24 de abril

No dia 22 de abril, Dia da Terra, o Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável – coalizão formada por quase 200 organizações da sociedade civil brasileira – e os movimentos Floresta Faz a Diferença e Mangue Faz a Diferença realizarão eventos em todo o Brasil para protestar contra a aprovação do projeto de lei do novo Código Florestal (PLC 30/2011). A votação está prevista para a próxima terça-feira.

Haverá vários tipos de ação: marchas, pedaladas, passeatas, apitaços e flash mobs. O objetivo é alertar a todos sobre a degradação ambiental do planeta e de iniciativas que podem colaborar para melhorar ou piorar, esse quadro. Os manifestantes cobrarão também a presidenta Dilma Rousseff promessa de veto feita durante campanha eleitoral. Poderão participar das iniciativas ONG’s, representantes de movimentos sociais, sociedade civil, estudantes, cientistas, deputados ou qualquer pessoa interessada em aderir à causa.

Em São Paulo, as ações já começam amanhã, durante a Adventure Sports Fair, na Bienal do Ibirapuera. Durante toda a sexta-feira serão distribuídas cartilhas sobre o Código Florestal e a campanha Veta Dilma no estande do #Florestafazadiferença na Adventure. E, às 16h, ocorrerá uma mobilização com batucada com Maurício Bade e Grupo Pernas de Pau, máscaras e Varal Veta Dilma, em frente ao Pavilhão da Bienal.

Os principais problemas da proposta do Código Florestal é que estimula novos desmatamentos, anula multas de crimes ambientais, reduz Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de reservas legais e desobriga a recuperação da grande maioria das áreas ilegalmente desmatadas.

Kenzo Jucá, especialista em políticas públicas do WWF-Brasil, afirma que “o texto aprovado no Senado é extremamente ruim e representa um retrocesso na legislação brasileira”. “Por isso, defendemos que a única solução é o veto da presidente, caso a Câmara dos Deputados insista em votar o projeto no dia 24”, diz ele.

Apesar dos pedidos de cientistas, juristas, organizações da sociedade civil e movimentos sociais para que o processo seja revisto e realizado de forma responsável, o texto deve entrar na pauta da Câmara na próxima semana. O texto do relator Paulo Piau, porém, ainda não foi apresentado.

Para Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, “o cenário é muito preocupante”. “O governo joga com o público ao dizer que quer o relatório antes, mas a previsão é que o texto saia na véspera da votação para evitar pressão da sociedade civil. O desenho está se dando como foi na última votação na Câmara, ou seja, na base da chantagem”, afirma. Ele diz ainda que teme que todas as controvérsias contidas na Emenda 164 voltem nesse novo relatório.

Programação

São Paulo/SP
O quê: Distribuição de cartilhas sobre o Código Florestal e da campanha Veta Dilma Onde: Stand do #Florestafazadiferença na Adventure Sports Fair - Pavilhão da Bienal do Ibirapuera
Quando: De 18 à 21/04, durante todo o dia

São Paulo/SP
O quê: Mobilização com batucada com Maurício Bade e Grupo Pernas de Pau, máscaras e Varal Veta Dilma
Onde: Em frente do Pavilhão da Bienal do Ibirapuera
Quando: Dia 20/04 às 16h

São Paulo/SP
O quê: Mobilização contra a aprovação do Código Florestal
Onde: Parque da Juventude
Quando: Dia 22/04 às 10h

São Paulo/SP
O quê: Roda de Conversa "Juventude e o Código Florestal"
Onde: Evento da Rio+você, no Parque da Juventude
Quando: Dia 22/04 de abril às 10h

Ribeirão Preto/SP
O quê: Colagem de cartazes em varal, distribuição de panfletos, teatro, malabares e caminhada
Onde: Parque Maurílio Biagi, ao lado da rodoviária
Quando: Dia 22/04 à partir das 15h
Contato: Claudia Perencin (16) 9287-6176

Rio Claro/SP
O quê: Passeata Veta Dilma
Onde: Saída e chegada da Praça dos Bancos
Quando: Dia 22/04 às 14h

Campo Grande/MS
O quê: Marcha e bicicletada
Onde: Rua 14 de julho com Avenida Pena
Quando: Dia 22/04 às 10h
Contato: Simone (67) 9647-4167

Dourados/MS
O quê: Plantio de árvores, oficina de Circo, barricada de bambu
Onde: Parque do Lago
Quando: Dia 22/04 de 8h às 19h
Contato: Simone (67) 9647-4167

Costa Rica/MS
O quê: Marcha e bicicletada
Onde: Pinga Fogo
Quando: Dia 22/04 às 10h
Contato: Simone (67) 9647-4167

Mineiros/GO
O quê: Campanha sobre Código Florestal “Veta Dilma”
Onde: Pinga Fogo
Quando: Dia 22/04 às 10h

São João da Boa Vista/SP
O quê: Oficina e diálogos
Onde: Escola Estadual Antônio Valadares - Peixotinho
Quando: Dia 22/04 às 15h
Contato: Roberto Camara (19) 9385-4849 e (19) 8185-4349

Teresina/PI
O quê: Show cultural com artistas
Onde: Praça Pedro II
Quando: Dia 22/04 às 16:30h
Contato: Ada (86) 9981-1659

Florianópolis/SC
O quê: Entrega de moção contra as mudanças no Código Florestal ao Superintendente do IBAMA
Onde: Universidade do Estado de Santa Catarina
Quando: 19/04 de abril às 9h
Contato: Fernanda (48) 9935-1119

Florianópolis/SC
O quê: Grande Piquenique
Onde: Parque Ecológico do Córrego Grande
Quando: Dia 22/04 de abril às 9h
Contato: Fernanda (48) 9935-1119

Aracaju/SE
O quê: Plantio e distribuição de mudas de plantas
Onde: Parque dos Cajueiros
Quando: Dia 22/04 às 10h
Contato: Lizaldo: (79) 8152-7868

Tamandaré/PE
O quê: Mobilização na praia contra a aprovação do Código Florestal
Onde: Praia de Carneiros
Quando: Dia 22/04 às 10h
Contato: Manoel Pedrosa - 81 88915155 / 99701949

Maceió/AL
O quê: Mobilização contra a aprovação do Código Florestal
Onde: Praia da Ponta Verde em frente ao Clube Alagoinhas
Quando: Dia 22/04 às 9h
Contato: Eva (82) 8118-9099

Itajaí/SC
O quê: Mobilização popular “A Barca dos Povos”
Onde: Sairá da frente da Vila da Regata da Volvo Ocean Race (Pavilhão da Marejada)
Quando: Dia 19/04 às 22h
Contato: Mirella Cursino (47) 9921-8760

O quê: Mobilização contra a aprovação do Código Florestal
Onde: Praia de Copacabana - Rio de Janeiro/RJ
Quando: Dia 22/04 às 10h30h
Contato: Grégor (21) 8337-7177

Curitiba/PR
O quê: Mobilização contra a aprovação do Código Florestal
Onde: 15 de Novembro, esquina com Mariano Torres
Quando: Dia 22/04 às 10h
Contato: (51) 9869-6319

Porto Alegre/RS
O quê: Mobilização contra a aprovação do Código Florestal
Onde: Parque da Redenção e Usina do Gasômetro
Quando: Dia 22/04 às 10h
Contato: Décio (51) 8159-6700

Brasília/DF
O quê: Mobilização contra a aprovação do Código Florestal
Onde: Bienal do Livro e Parque da Cidade
Quando: Dia 22/04 às 8h
Contato: Pedro (61) 8136-1795

João Pessoa/PB
O quê: Mobilização contra a aprovação do Código Florestal
Onde: Bar do Surfista
Quando: Dia 22/04 às 10h
Contato: Rita (83) 9129-7496

Salvador/BA
O quê: Mobilização contra a aprovação do Código Florestal
Onde: Farol da Barra
Quando: Dia 22/04 às 10h
Contato: Renato – (71) 9983-2871

Fortaleza/CE
O quê: Mobilização contra a aprovação do Código Florestal
Onde: Avenida Beira Mar (Próxima à estátua da Iracema Guerreira)
Quando: Dia 22/04 às 9h

Cientistas desvendam segredo de indígenas para agricultura sustentável nas savanas da Amazônia




Populações indígenas na Amazônia realizavam cultivos com sucesso sem o uso do fogo antes da chegada dos Europeus, o que demonstra uma abordagem potencialmente sustentável para o manejo da terra na região que cada vez mais está vulnerável a incêndios causados pelo homem.

A pesquisa, publicada nesta semana no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, contribui para um crescente grupo de evidências, mostrando que as sociedades pré-colombianas praticavam técnicas avançadas de agricultura menos prejudiciais ao ambiente do que as abordagens atuais.

“Este uso da terra ancestral sem fogo pode mostrar o caminho para a implementação moderna da agricultura com canteiro elevado em áreas rurais da Amazônia”, comentou o principal autor do estudo, José Iriarte, da Universidade de Exeter.

“A agricultura intensiva com cultivos elevados pode se tornar uma alternativa para a queima das florestas tropicais ao retomar ecossistemas que de outra forma estariam abandonados e savanas novas criadas pelo desmatamento. Isto pode ajudar a reduzir as emissões de carbono ao mesmo tempo que oferece segurança alimentar para as populações rurais mais vulneráveis e pobres”.

As conclusões são baseadas na análise de pólen, depósitos de carvão e outros remanescentes vegetais nas camadas do solo representando um período de 2 mil anos, terminando há cerca de 800 anos. A pesquisa desenvolvida em savanas naturais da Guiana Francesa, demonstra que populações amazônicas ancestrais utilizaram agricultura com canteiros elevados, na qual os cultivos eram plantados em montes para proteção contra enchentes e melhoria da fertilidade do solo. Os agricultores limitavam a incidência de fogo, segundo o estudo.

As conclusões contrastam com o censo comum de que as populações nativas dependiam do fogo para converter a floresta em savana, como tipicamente se faz na Amazônia atualmente.

“Nossos resultados obrigam a reconsiderar o que há tempos se pensava”, comentou o coautor Mitchell Power, da Universidade de Utah.

De fato, a morte em massa das populações nativas, em seguida à invasão europeia no Novo Mundo, pode ter reduzido a produtividade da terra em longo prazo.

“Estes sistemas podem ser tão produtivos quanto a terra preta feita pelo homem na Amazônia”, mas com o beneficio adicional de ter baixas emissões de carbono”, completou Stephen Rostain do Centro Nacional de Pesquisa Cientifica (CNRS), da França, se referindo a solos ricos descobertos em outras partes da Amazônia.

A terra preta era formada por um processo indígena de biochar — técnica agrícola que adiciona carvão obtido através de pirólise da biomassa aos solos pobres e ácidos — que convertia os solos pobres em intensamente férteis. Pesquisadores agora estão tentando desvendar este processo para melhorar a produtividade dos solos tropicais.

Enquanto isso, cientistas estão alertando que as práticas atuais estão colocando o ecossistema amazônico em risco. Uma combinação de mudanças climáticas, exploração de madeira seletiva e desmatamento estão contribuindo para aumentar a vulnerabilidade amazônica à seca, que transforma áreas de florestas tropicais, geralmente muito úmidas para queimar, em condutores para o fogo que escapa de áreas vizinhas.

Os incêndios na Amazônia não causam apenas poluição local e impactos na saúde, também contribuem muito para as mudanças climáticas. Portanto, o sistema ancestral sem uso de fogo pode resultar em dividendos ambientais importantes.

“Apesar de atualmente as savanas serem geralmente associadas com incêndios frequentes e altas emissões de carbono, nossos resultados demonstram que nem sempre foi assim”, comentou Doyle McKey, da Universidade de Montpellier.

“Com o aquecimento global, é mais importante do que nunca encontrar uma forma sustentável de manejo das savanas. As dicas de como alcançar isto podem estar nos 2 mil anos de história que revelamos”.

CITAÇÃO: José Iriarte et al (2012). Fire-free land use in pre-1492 Amazonian savannas. PNAS 13 de abril. 

Fonte: Mongabay
Leia o texto original no Mongabay
Traduzido por Fernanda B. Muller, Instituto CarbonoBrasil

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Resíduos agroindustriais inibem micro-organismos em alimentos




Alguns resíduos agroindustriais como talos de beterraba, película de amendoim, bagaços e sementes de uva, além da borra gerada pela fermentação de uvas tintas e a erva-mate apresentam componentes que inibem ou matam determinados micro-organismos patogênicos (causadores de doenças) contaminantes de alimentos. Foi o que o biólogo José Guilherme Prado Martin pode constatar em sua pesquisa Atividade antimicrobiana de produtos naturais: erva-mate e resíduos agroindustriais, realizada no Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, e orientada pelo professor Ernani Porto.

  • Substâncias presentes em alguns extratos também podem matar micro-organismos
De acordo com o pesquisador, “a escolha por resíduos decorreu do fato de que o Brasil possui forte economia agroindustrial, geradora de grande quantidade de resíduos, os quais podem muito bem ser reutilizados pela indústria alimentícia como conservantes naturais, contribuindo com a produção de alimentos mais saudáveis e reduzindo os impactos ambientais decorrentes do descarte desses resíduos.”

A intenção do estudo foi avaliar que tipos de produtos naturais poderiam agir contra estes micro-organismos. O pesquisador analisou 20 diferentes resíduos agroindustriais e subprodutos gerados pelo processamento de frutas, legumes e hortaliças. Para a pesquisa, foram utilizados métodos de extração de componentes ativos dos vários produtos em análise, que pudessem vir a combater os micro-organismos patogênicos. Após o tratamento dos resíduos por esse método, foram obtidos extratos vegetais, posteriormente submetidos a um processo de secagem para retirada de toda água residual presente.

A aplicação dos extratos sobre os micro-organismos ocorreu in vitro. Para uma identificação preliminar da atividade antibacteriana, os extratos foram aplicados em placas contendo culturas bacterianas dos micro-organismos-alvos, como Listeria monocytogenes, Staphylococcus aureus, Salmonella Enteritidis eEscherichia coli, bactérias comumente implicadas em casos e surtos de toxinfecções alimentares, doenças causadas pela ingestão de alimentos contaminados.

Os extratos que se mostraram eficientes foram então submetidos a uma metodologia para identificação da Concentração Inibitória Mínima (CIM), ou seja, a menor concentração de extrato capaz de inibir o crescimento dos micro-organismos, e da Concentração Bactericida Mínima (CBM), menor concentração de extrato capaz de matar os micro-organismos avaliados. O pesquisador afirma que “esses estudos são de grande relevância, pois fornecem informações acerca do poder antibacteriano dos extratos estudados.”

Além disso, foram realizadas técnicas de identificação dos componentes químicos majoritários presentes nos extratos, de modo a indicar quais as possíveis classes de compostos estariam envolvidas com a atividade antibacteriana observada. Foram encontradas nos resíduos quantidades relevantes de compostos fenólicos, que podem inibir o crescimento de bactérias, leveduras e mofos. Esses componentes podem atuar em diferentes regiões da célula da bactéria, como a membrana, a parede celular e até mesmo inativar enzimas, proteínas envolvidas em reações químicas importantes para a sobrevivência da bactéria.

Resultados

Dentre os resultados obtidos, o biólogo conseguiu descobrir que talos de beterraba, película de amendoim, bagaço de uva da variedade Pinot Noir, bagaço e sementes de uva da variedade Petit Verdot, borra de fermentação de uvas tintas e bagaço de goiaba apresentaram atividade antibacteriana contra Listeria monocytogenes e Staphylococcus aureus. Em relação à erva-mate, os resultados foram de que esse produto natural é capaz de combater não só as duas bactérias citadas, mas também a bactéria Salmonella enteritidis. Nenhum dos produtos avaliados, no entanto, foi capaz de inibir o crescimento da bactéria Escherichia coli, um micro-organismo contaminante bastante comum em alimentos.

O biólogo reforça a ideia de que “resíduos agroindustriais apresentam componentes bioativos com potencial de aplicação pela indústria alimentícia, representando um valioso material a ser explorado, em dois sentidos: a diminuição dos riscos de veiculação de microorganismos patogênicos em alimentos e o atendimento à crescente procura dos consumidores por alimentos livres de conservantes sintéticos, hoje, as principais substâncias inibidoras de microorganismos em alimentos”.

Outra vantagem da utilização de resíduos agroindustriais é o auxílio à preservação ambiental, pois muitos deles são descartados de maneira inadequada, causando danos ao meio ambiente. Para ele, “sua reutilização, além de possibilitar a redução no descarte de resíduos na natureza, atribui valor a um resíduo que até então não era reaproveitado.”

Fonte: USP

Pesquisadores monitoram ninhos de gaviões-reais no Pará



Uma equipe do Programa de Conservação do Gavião-real (Harpia harpyja) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) fez a pesquisa e monitoramento ambiental nos dois ninhos localizados na Área de Proteção Ambiental (APA) Araguaia e na Aldeia indígena Suruí Sororó, ambas em São Geraldo do Araguaia. A visita técnica, este mês, além de registrar o regurgito e dimensões dos ninhos construídos nas árvores, coletou vestígios de presas consumidas pela ave, penas e galhos utilizados para construção do abrigo do filhote. A espécie monitorada está ameaçada de extinção.

O monitoramento do gavião-real é desenvolvido pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) por meio de uma equipe de técnicos do Parque Estadual Serra das Andorinhas, formada pela zootecnista Giselle Leandro, pelo sociólogo Cassiano de Oliveira, e com apoio do agente ambiental e agrônomo Joari Procópio. Eles recepcionaram a bióloga Helena Aguiar Silva e o escalador de árvores francês Olivier Jaudoin, para a realização da expedição ambiental.



Helena Silva demonstrou o objetivo do Inpa de fazer o reconhecimento dos ninhos mapeados pelos pesquisadores do Parque. Ela informa que no Pará são mapeados e monitorados 15 ninhos de gavião-real e estão catalogados dois ninhos em São Geraldo do Araguaia, dois em Marabá, três em Parauapebas e oito em Santarém. Ainda de acordo com Helena, evidências encontradas indicam que o filhote do ninho localizado na APA Araguaia está com cerca de seis meses, já o ninho da Terra Indígena ainda está em fase de construção pelo casal de harpias.

“No ninho da aldeia foram encontrados folhas e galhos verdes ainda secando, mostrando que ele ainda está em construção, e no ninho da APA foi encontrado um galho de árvore com cerca de 90 centímetros de comprimento, que o filhote utiliza para se exercitar e aprender a manipular as presas arboríveras”, relata a bióloga Helena Aguiar. Os ossos encontrados nos ninhos da rapineira são utilizados para estudar as espécies e a quantidade de presas consumidas pelo gavião-real. A pesquisa genética é feita com a coleta de sangue das penas para identificar o sexo e a diversidade da espécie. “Por meio do estudo realizado descobri que o gavião-real se alimenta principalmente de bicho preguiça, seguido de macaco, porco-espinho, mucura e arara”, revela a especialista, frisando que a castanheira, angelinzeiro, sumaumeira, jatobazeiro, tauarizeiro, jutaizeiro e cedroarana são as árvores preferidas para a construção de ninho do gavião-real.



A coordenadora da Pesquisa em São Geraldo do Araguaia, Gisele Leandro, explica que tanto as medidas do ninho quanto da árvore nidificada são registradas para fortalecimento do banco de dados sobre a Harpia harpyja na Amazônia. “O registro desses dados servem para diagnosticarmos o tamanho médio dos ninhos de gavião-real, bem como das árvores preferidas para nidificação da harpia, na Amazônia”.

Os cientistas também monitoram os poleiros do gavião-real nas árvores vizinhas ao ninho onde a harpia costuma pousar para observar o filhote, a movimentação de outros animais ou devorar suas presas. Quando capturam um filhote de gavião-real, os especialistas colhem as medidas biométricas da rapineira e o devolve para a natureza. Em São Geraldo do Araguaia, uma palestra sobre o gavião-real foi ministrada para professores que atuam nas escolas da zona rural do município, inclusive os docentes das escolas da APA Araguaia. Os índios da Aldeia Suruí também assistiram a uma explanação sobre a maior ave das Américas.



Utilizando cordas especiais e com habilidade na técnica de movimentação, o escalador Olivier Jaudoin escala a árvore do ninho e se move com cautela entre galhos ou árvores diferentes. “É necessário bastante atenção. Se o gavião retorna para alimentar o filhote enquanto estou trabalhando no ninho, ele pode me atingir”, certifica o escalador, que monta plataformas entre os galhos da copa de árvores próximas ao ninho. Dessas estruturas, os cientistas observam e anotam cada passo do filhote e do casal.

Agência Pará de Notícias 
Fonte: Programa de Comunicação do Parque Serra das Andorinhas e APA Araguaia

Viva a Mata 2012 traz o mar para o Parque Ibirapuera




Já anotou na agenda? Entre os dias 18 e 20 de maio, será realizada a oitava edição do Viva a Mata, maior evento brasileiro em prol da Mata Atlântica. O evento, que desde 2005 celebra o Dia da Mata Atlântica (27 de maio), ocorrerá na Arena de Eventos do Parque Ibirapuera, em São Paulo (SP), das 9h às 18h. Aberto ao público, o Viva a Mata busca sensibilizar e conscientizar a sociedade e promover a troca de informações entre os que lutam pela conservação desta floresta, com exposição de projetos e iniciativas, palestras, debates, teatro, jogos e diversas outras atrações. A mostra tem cenografia assinada pelo designer Beto Von Poser e patrocínio do Bradesco Cartões e da Natura.

O Viva a Mata 2012 terá como tema “Nosso verde também depende do azul”, e a intenção é mostrar a importância da zona costeira e ecossistemas marinhos. “Temos 8 mil quilômetros de costa. Com as atrações do evento deste ano pretendemos apresentar às pessoas como o mar e o nosso litoral influencia diretamente as nossas vidas e que, se não tivermos mais cuidado, estaremos comprometendo ainda mais os nossos recursos naturais”, destaca Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento da SOS Mata Atlântica.

De acordo com a coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, a população e os órgãos públicos têm tanta responsabilidade com o cuidado do mar quanto com o cuidado dos rios. “Estamos agredindo o mar e retirando o que ele oferece de bom de maneira predatória para nosso uso”, diz ela.

Malu observa também que o tema desta edição do Viva a Mata é uma oportunidade de chamar a atenção da sociedade para o desperdício de nossos recursos naturais e destacar a atuação da ONG em projetos relacionados ao mar. “Mostraremos a relação da água com os ecossistemas, com o clima, com a produção de alimentos e a economia. O governo brasileiro, por exemplo, tem dado muita ênfase para o pré-sal, sem discutir os impactos que ele pode causar. Então, queremos trazer esse debate.”




Cenografia sustentável

A Cenário Brasil realizou o projeto cenográfico para o Viva Mata 2012. A escolha dos materiais para o evento reflete a vontade de utilizar elementos comuns e mostrar que ao reciclar é possível dar uma nova roupagem, mais sofisticada e inusitada, ao que seria transformado em lixo.

O uso da madeira foi reduzido ao máximo e, no lugar dela, materiais alternativos foram incorporados. Para esta edição, caixas de papelão reciclado serão utilizadas como material de fechamento, mas com dois tipos de papel que possibilitam brincar com os tons. Além das paredes, o papelão em chapa será usado na divisão das estantes e mobiliário em geral.

Em algumas seções serão aplicados tubetes de papelão, usados comumente na indústria para as bobinas de papel e tecido. A composição, uma espécie de “grade” de tubos de papelão, serve para dar leveza ao espaço e possibilita a passagem do vento, diminuindo a pressão sobre os painéis.

A madeira utilizada é originada fontes certificadas de reflorestamento ou possui o selo verde Forest Stewardship Council (FSC) – em português, Conselho de Manejo Florestal. Todos os detalhes foram supervisionados pela SOS Mata Atlântica de forma a proporcionar um ambiente agradável para o público e, ao mesmo tempo, prezar pela sustentabilidade do evento.

Expositores

Organizações, instituições, associações e reservas particulares (RPPNs) de 14 Estados brasileiros já confirmaram presença no evento. Até o momento, são 75 os expositores que estarão distribuídos pelos 18 estandes do Viva a Mata, divididos em 13 temas – Costa Atlântica, Centro de Experimentos Florestais, Produtos Sustentáveis, Áreas Protegidas, Ações Regionais, Educação Ambiental, Fauna e Flora, Reciclagem, Lagamar, Água, Túnel dos Sentidos, Oficina de Plantio e Empresas pela Mata Atlântica. Entre os expositores confirmados estão organizações como o o Projeto Coral Vivo, o Instituto Mar Adentro e a ONG Ecosurfi. Na programação, apresentações, exposições de materiais e de projetos, oficinas, jogos educativos e diversas outras atividades para públicos de todas as idades.

Viva a Mata no Facebook

Para mobilizar a sociedade também via internet e destacar o tema do Viva a Mata 2012, a Fundação SOS Mata Atlântica preparou uma ação especial em sua página no Facebook. Funciona da seguinte maneira: à medida que novos internautas curtirem a página da ONG, as imagens de capa serão modificadas com a inclusão de novos elementos dos ambientes marinho e de floresta. A ação poderá ser conferida em http://www.facebook.com/SOSMataAtlantica.

Visitas Monitoradas

Escolas, empresas, faculdades, escoteiros, igrejas e outros grupos interessados em agendar visitas monitoradas já podem se inscrever pelo e-mail educacao@sosma.org.br. Podem participar pessoas de todas as idades que queiram saber mais sobre a fauna e a flora da Mata Atlântica, sobre a importância das áreas protegidas, conhecer iniciativas em prol da sustentabilidade e participar de exposições, palestras, debates e oficinas. Haverá ainda peças de teatro, maquetes interativas e atividades com voluntários, tudo gratuito.

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SERVIÇO

Viva a Mata 2012 – mostra de iniciativas e projetos em prol da Mata Atlântica
Realização: Fundação SOS Mata Atlântica.
Onde: Parque Ibirapuera – Av. Pedro Álvares Cabral – São Paulo/SP
Quando: De 18 a 20 de maio, das 9h às 18h.
Informações: www.sosma.org.br
Todas as atividades são gratuitas.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Amazônia Eterna, Protagonista do Século XXI




No início de 2010, as equipes da Agência Tudo e da Giros se reuniram em São Paulo para debater sobre aquele que está se tornando o principal polo de mudanças mundiais nas vertentes sociais, científicas e ambientais: a Amazônia.

Para muitos, a maior floresta tropical do planeta não passa de um imenso santuário verde, com sete milhões de quilômetros de extensão que devem ser preservados. Mas, além de possuir a mais rica biodiversidade do planeta, a Amazônia é também palco de iniciativas pioneiras que conciliam com sucesso economia e ecologia, e irão ditar o futuro da humanidade.

O projeto Amazônia Eterna nasceu com o objetivo de divulgar essa Amazônia dinâmica, produtiva, e que gera riqueza de maneira sustentável: a Amazônia protagonista do século XXI.

Um documentário repleto de imagens deslumbrantes será produzido, reunindo relatos sobre as principais iniciativas na região que geram negócios e rentabilidade, aliadas a medidas de conservação e uso sustentável de recursos naturais. O making of do documentário e as últimas notícias sobre o projeto poderão ser acompanhados no site do Amazônia Eterna.

Para tornar a experiência ainda mais completa, será montada uma exposição itinerante, equipada com recursos tecnológicos e sensoriais que possibilitarão um surpreendente contato do visitante com as belezas naturais da Amazônia, informando sobre os impactos do homem na floresta ao longo do tempo e sobre as iniciativas pioneiras que são o tema central de todo o projeto.

A plataforma de divulgação que alia cinema, televisão, internet e exposição itinerante, irá revelar uma Amazônia que poucos conhecem. O grande laboratório ecológico e econômico do século XXI, a “floresta negócio” de uma nova economia mundial, baseada na geração de valor a partir de seu maior ativo: o Capital Natural Amazônico.


Operação flagra matança de jacarés no Amazonas



  • Jacarés são mortos e a carne serviria de isca para a pesca da piracatinga, a douradinha

Durante onze dias, entre 9 e 20 de março, fiscais do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) realizaram a Operação Tambaqui nas Reservas de Desenvolvimento Sustentáveis (RDS) Amanã e Mamirauá. Dentre os ilícitos ambientais encontrados, os fiscais constataram a matança de jacarés para servirem de isca para a pesca da piracatinga, peixe vendido no mercado como douradinha.

A equipe de fiscalização realizou 135 abordagens em flutuantes, embarcações de recreio e de pesca, canoas rabetas, frigoríficos e balsas que resultaram na apreensão de 990 quilos de pescado das espécies tambaqui, pirarucu, surubim e piracatinga.

Considerado “muito grave” pelos fiscais do IPAAM foi a apreensão de 481 quilos de carne de jacaré e mais 12 exemplares de jacarés inteiros, alguns deles maiores de 4 metros, que seriam utilizados como isca para a pesca da piracatinga, em substituição aos botos já utilizados criminosamente nesse sentido.



A Operação Tambaqui também apreendeu 4 tracajás vivos, 5 macacos guaribas e 2 macacos prego, todos mortos, 40 quilos de carne de veado, 390 quilos de sal utilizado na salga do pirarucu e do jacaré, além de armas e munições.

Os fiscais lavraram 6 autos de infração equivalentes a R$45.181,00 em multas, 29 termos de apreensão e/ou depósito, 14 termos de doação e/ou soltura e 2 notificações.

Todo o pescado apreendido foi doado às comunidades ribeirinhas da RDS Mamirauá e para a Secretaria Municipal de Assistência Social de Jutaí. Os macacos guariba e prego abatidos foram doados para pesquisas do Grupo de Ecologia de Vertebrados Terrestres do Instituto Mamirauá.

A ação teve a parceria das Forças Especiais - Canil, Cavalaria e Choque - da Polícia Militar do Amazonas, agentes do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) e agentes ambientais voluntários, a Operação Tambaqui percorreu o Rio Solimões nos trechos limítrofes à RDS Mamirauá e RDS Amaná, tendo passado pelos territórios dos municípios de Alvarães, Uarini, Jutaí e Tonantins e pela orla dos municípios de Juruá e Fonte Boa, com incursão pelo Auati-Paraná que liga os Rios Solimões e Juruá totalizando aproximadamente 900 quilômetros percorridos.

Durante as abordagens de fiscalização, também foram realizados trabalhos de educação ambiental, sendo entregue material da campanha Pescador Fique Legal. Segundo os fiscais do IPAAM, eles aproveitaram para orientar sobre o fim do Defeso das espécies Matrinxã, Pirapitinga, Sardinha, Pacu, Aruanã e Mapará desde 15 de março, e do fim do Defeso do Tambaqui a partir do próximo dia 1 de abril.

A orientação dos fiscais chamou a atenção para o tamanho mínimo de captura dessas espécies, com o fim do defeso. “É preciso observar os tamanhos mínimos de captura estabelecidos pela legislação”, explicou um dos fiscais.

No período de 18 a 27 de janeiro, por meio da Operação "Macaco D’água 4", o IPAAM e parceiros já haviam apreendido 1.838 quilos de pescado ilegal no percurso do Rio Solimões até a orla do município de Fonte Boa.

Às Estrelas


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A gigante de couro pode atingir dois metros de comprimento e pesar até 750 kg.