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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Confira os 10 países mais verdes no ranking EPI


  • Suíça lidera o ranking como o país mais verde do mundo
Já imaginou um país que preserva o meio ambiente, utiliza racionalmente os recursos naturais e cuida do bem estar e da saúde da população? O nível de sustentabilidade dos países foi listado por especialistas das universidades americanas de Yale e de Columbia e o resultado foi o Environmental Performance Index (EPI).

O ranking mede o desempenho ambiental de 132 países utilizando 22 indicadores distribuídos em 10 categorias: critérios de saúde ambiental; poluição do ar; recursos de água; biodiversidade e habitat; recursos naturais; florestas; alterações climáticas, entre outros.

No ranking o Brasil ficou no 30º, graças à biodiversidade e o investimento em energia renovável, abaixo da Colômbia, Eslovênia e Taiwan. A Islândia, que liderou a lista em 2010, caiu para o 13º lugar (?). Os 10 países que lideram o ranking podem ser conferidos a seguir.

1-Suíça (76.69 pontos)

Recordista mundial em usinas geotérmicas, cuja energia é quase totalmente vertida para aquecer casas, escritórios, hotéis e estufas durante os meses de inverno, o país reduziu progressivamente o uso de combustíveis fósseis e nuclear e se destaca nos quesitos emissão de dióxido de carbono, qualidade do ar e políticas ambientais.

A Suíça foi um dos primeiros países da Europa a exigir o uso de catalisador e o controle do gás de escapamento dos carros, há 20 anos. O país possui também destaca-se no quesito conservação da biodiversidade e proteção de habitats naturais, com uma pontuação de 98,1.

Os suíços são adeptos da mobilidade sustentável, principalmente da bicicleta. Ao menos 10 ciclovias nacionais cortam o país de ponta a ponta. Lá, taxas para serviços de água e gestão de resíduos, além de impostos ambientais, são comuns.

2-Letônia (70.37 pontos)

Turistas e especialistas ambientais costumam dizer que o país inteiro é um gigante parque natural. A vitalidade de seus ecossistemas e a proteção às florestas, que ocupam 44% do território, lhe rendem pontuações altas no EPI.

Mesmo as áreas dedicadas ao cultivo agrícola e à criação de gado são cuidadosamente delimitadas e tendem a seguir as práticas mais sustentáveis. Dados oficiais indicam que o uso de pesticidas caiu 12 vezes desde 1990 e que, atualmente, ao menos 200 fazendas adotam práticas ecológicas, que dispensam agrotóxicos e outros produtos químicos industrializados, usando apenas compostos naturais.

A redução de emissões é uma meta importante para o país, que desde 1990 reduziu a poluição por fontes fixas (fábricas, casas e caldeiras) em 46%.

3-Noruega (69.92 pontos)

O país pretende se tornar carbono neutra até 2030, ou seja, todas as suas emissões devem ser compensadas. Ao menos dois terços das emissões serão reduzidas com ações ambientais internas e o restante será compensado através de financiamentos de projetos sustentáveis em países em desenvolvimento, como geração de bioenergia e proteção de florestas.

A meta é ambiciosa por causa das altas emissões derivadas de suas exportações volumosas de óleo e gás natural. Em 2009, a Noruega inaugurou a primeira estrada com rede integrada de postos de abastecimento a hidrogênio em todo o mundo. O país leva nota máxima no EPI no quesito saúde ambiental e na conservação de suas reservas naturais.

A Noruega levou a nota máxima na conservação natural


4-Luxemburgo (69.2 pontos)

Mesmo em tempos de crise econômica, o país empenha-se para garantir um crescimento “verde” e sustentável. O país investiu mais de 70 milhões de euros na expansão do setor de energia solar fotovoltaica, entre 2001 e 2008.

Em 2009, Luxemburgo adotou programas de incentivo à população para compra de carros ecológicos e eletrodomésticos mais eficientes em energia.O país também leva pontuação máxima em saúde ambiental e proteção à biodiversidade e habitats naturais.

5-Costa Rica (69.03 pontos)

A exemplo da Noruega, o governo costa-riquenho também estabeleceu a meta de tornar a região carbono neutra até 2021. O país, que sofreu com o desmatamento durante anos, tem como um dos seus principais objetivos reflorestar as regiões devastadas. Nos últimos anos, mais de cinco milhões de árvores foram replantadas.

Aproximadamente metade da área do país encontra-se coberta de bosques e selvas e 25% do território está sob proteção ambiental. Os investimentos em energias alternativas e índices inéditos de recuperação da mata nativa fazem da Costa Rica referência mundial.

6-França (69.03 pontos)

O país destaca-se pela política agressiva de eficiência energética, que prevê a redução das emissões de gases efeito estufa em 20% até 2020 além da expansão da matriz de fontes renováveis para 25% no mesmo período. Metas nada fáceis para um dos mais dependentes de energia nuclear do mundo. Aproximadamente 75% de toda eletricidade vem de usinas atômicas.

A França apresentou bom desempenho em saúde ambiental, indicador que avalia a interação entre a natureza, a saúde humana e o desenvolvimento. O país também se destaca por ser um dos países que mais protegem suas florestas, com um programa forte de recuperação ambiental.

O mais recente projeto verde francês de repercussão mundial é o programa de aluguel de carros elétricos Autolib, inaugurado no final de 2011 em Paris.

7-Áustria (68.92 pontos)

Além de arquitetura, história e muita música, o país oferece à sua população e aos visitantes uma natureza incrível e, principalmente, bem conservada.

Uma curiosidade: o país possui um programa que estimula a população a cultivar jardins com plantas e flores locais em suas casas.

Áustria estimula o cultivo de jardins e flores

8-Itália (68.9 pontos)

A Itália tornou-se o primeiro país da Europa a banir as sacolas de polietileno, em janeiro de 2011. Desde então, as lojas italianas, que utilizavam 20 bilhões de sacolas por ano (o maior índice europeu), só podem oferecer sacos de papel, pano ou de materiais biodegradáveis.

Diante do naufrágio do cruzeiro em uma ilha paradisíaca de rico ecossistema (costa da concórdia), o governo italiano resolveu enrijecer as regras de navegação na costa e limitar a aproximação de grandes embarcações da costa.

9-Reino Unido (68.82)
Desde o início dos anos 90, o governo adotou uma política para promover o uso sustentável das florestas com o objetivo de implementar o manejo sustentável e assegurar uma expansão constante da cobertura florestal.

Nos últimos anos, o Reino Unido vem oferecendo generosos incentivos para o desenvolvimento de tecnologias ambientais, que vão do tratamento de água à reciclagem, a fim de atender às rígidas metas nacionais e da União Europeia para redução de emissões. O país é líder no G8 no combate às mudanças climáticas.

10-Suécia (68.82 pontos)

O esforço em adotar fontes alternativas de energia é um dos pontos de destaque no país. Há cidades, como Borás, que reciclam a maior parte dos resíduos sólidos gerados pela população transformando-os em energia. A produção de bioenergia abastece casas, estabelecimentos comerciais e até mesmo frotas de ônibus, que integram o sistema de transporte público.

Essa geração limpa foi implementada para atender uma rigorosa legislação que proíbe a existência de aterros sanitários nos países da União Europeia. A Suécia foi também um dos primeiros países onde as leis de conservação da floresta entraram em vigor, em 1886. Atualmente, a cobertura florestal corresponde a 69% do território do país.

O Brasil ocupa a 30º colocação


Na Amazônia está a maior área protegida da Europa




  • Mineração ilegal de ouro é registrada no coração do Parque Amazônico da Guiana. 

Na Guiana Francesa, território sul-americano que pertence ao estado francês, está o Parque Amazônico da Guiana, maior área protegida da União Europeia. 3.4 milhões de hectares abrigam enorme riqueza e biodiversidade, representadas em cerca de 480 espécies de peixes, 180 de mamíferos, 300 de répteis e anfíbios, 720 de aves, milhares de insetos e mais de 5.800 de plantas. O peixe Hemigrammus guyanensis, a rã Rhinella lescurei e a borboleta Strephonota bicolorata são algumas das espécies endêmicas registradas na região.


Parque Amazônico da Guiana. 

Segundo o site do parque, ele foi criado com a missão de conservar bosques amazônicos primários, além de proteger rios e preservar raros habitats caracterizados por alto endemismo. Está inserido em um complexo de proteção de quase 11 milhões de hectares, onde “a combinação do Parque Amazônico da Guiana e do Parque Tumucumaque (e outras unidades de conservação no Pará) formam a maior área protegida de selva tropical no mundo”, afirma Florent Taberlet, do Programa de Ecossistemas Terrestres da WWF Guianas. “O local é habitat de várias espécies que são importantes bioindicadores da saúde da floresta”, complementa Frédéric Montier, diretor do parque.

No Parque Amazônico da Guiana vivem nove mil habitantes, a maioria pertencente às etnias Wayana, Wayampi e Teko. Entre estes povos existe a crença de que o parque os protege de perder seu habitat e de uma possível colonização por “invasores”. Apesar deste senso de proteção expressam interesse em recuperar suas terras já que, pela lei francesa, o território pertence ao Estado. Segundo Félix Tiouka, líder indígena, “queremos que reconheçam nossos direitos”. Na região também residem os bushinengues, descendentes de escravos negros no Suriname. 

O longo processo de delimitação

A criação do Parque Amazônico da Guiana é resultado de um processo de quase 15 anos, um caminho bastante longo e dificultoso. De acordo com Moïse Tsayem Demaze, da Universidade de Le Mans, autor do estudo “O Parque Amazônico da Guiana Francesa: um exemplo do difícil compromisso entre a proteção da natureza e o desenvolvimento”, de 1992 até 2007, quando foi oficialmente criado, o parque teve pelo menos quatro propostas de delimitação, com discussões acerca da exploração legal de ouro.

 
Localização do parque.  Google Earth

Para o investigador Eric Pauzé, autor de “O último território europeu na América do Sul; os ameríndios da Guiana Francesa contra a legislação francesa no caso do Parque Amazônico da Guiana”, a criação do parque e sua delimitação foi influenciada por grandes companhias auríferas que exploravam a região, como a alemã KWG e as canadenses Cambior, Arasco e Guyanor. “Em nenhum momento foi questionada a possibilidade de atacar a indústria aurífera, ou seja, abandonar a exploração legal ou diminuí-la”, afirma Eric. Por causa disso, o parque teve modificada e diminuída a área inicial proposta.

Apesar dos interesses auríferos, a zonificação final foi publicada em 2007, “levando mais em conta a necessidade de proteger o meio ambiente e a população local do que o desenvolvimento e a possível exploração via mineração legal”, afirma o professor Moïse. Como explica Taberlet, o parque ficou delimitado em duas áreas: a zona central e a zona de livre adesão, tendo a primeira de 2.03 milhões de hectares, chamada também de “zona mais virgem”. Esta área está sob regulamento próprio, adaptado às comunidades que a habitam e que tradicionalmente vivem dos recursos naturais. Já na zona de livre adesão ou periférica, com 1.3 milhões de hectares, as administrações territoriais locais implementam programas coordenados com a administração do parque, como o chamado Leader, cujo objetivo é movimentar a economia mediante o uso sustentável dos recursos naturais, a criação de microempresas e o desenvolvimento de uma agricultura diversificada.

Mineração aurífera, ameaça constante

Desde que surgiu a ideia de criar o parque, a mineração na floresta já era um problema. Hoje é a maior ameaça, comenta Florent Taberlet, “pois atividades ilegais de exploração de ouro têm impacto muito negativo sobre o meio ambiente e a saúde da população local”.

A principal ameaça do parque é a presença de garimpeiros clandestinos. Na Guiana Francesa existem entre seis mil e 15 mil garimpeiros ilegais.

Como comenta Florent, da WWF, “essas atividades diminuíram dentro do parque, mas aumentaram nos arredores”. Atualmente, o Parque Amazônico da Guiana articula ações com organizações estatais no combate à exploração ilegal e monitoramento dos impactos gerados pela extração ilegal de ouro, nas áreas adjacentes ao parque.





EcoBot 3 - O robô autossuficiente que come resíduos



Cientistas britânicos desenvolveram um protótipo de robô que precisa ir ao banheiro. O EcoBot 3 é um tipo de máquina autossuficiente que tira energia de dejetos e água que encontra pelo caminho. Como qualquer organismo, ele precisa expulsar o que poderia ser chamado de "cocô robótico".

Robôs mais tradicionais funcionam com baterias que precisam ser carregadas regularmente e, por isso, precisam de intervenção humana para se manter.


O EcoBot 3 é um tipo de máquina autossuficiente que tira energia de dejetos e água que encontra pelo caminho

Mas o EcoBot 3, criado no Laboratório de Robótica da Universidade de Bristol, é capaz de gerar a energia que move seus circuitos graças a um dispositivo que converte os resíduos orgânicos em eletricidade com a ajuda de micróbios. "É algo muito parecido com o que acontece com humanos", disse à BBC Ioannis Ieropoulos, do Departamento de Bioengenharia e Sistemas de Inteligência Autônomos.

"O robô pode consumir qualquer tipo de substância orgânica e um dispositivo com os micróbios [células de combustível microbianas] decompõem essa matéria para gerar a eletricidade necessária para a manutenção do funcionamento", acrescentou.

COMIDA

  • O cientista também afirmou que o robô EcoBot 3 é capaz de encontrar a própria comida.
  • Durante os testes realizados em Bristol, os cientistas colocaram comida e água em lugares específicos.
  • No final da experiência, o robô era capaz de ir buscar seu alimento também em outras localidades.
  • Desta forma, o EcoBot 3 consegue funcionar sete dias por semana por um período de 20 a 30 anos.
  • O projeto, financiado em conjunto pelas Universidades de Bristol e West England, já lançou outros protótipos que usavam "alimentos" diferentes.
  • O EcoBot 1, por exemplo, precisava de açúcar para alimentar um motor com bactérias do tipo E.coli.
  • O segundo protótipo, EcoBot 2, podia comer frutas e legumes podres, além de restos de insetos.

Mas nenhum destes protótipos era capaz de fazer algo essencial para manter sua autonomia --expulsar os resíduos--, algo que o EcoBot 3 faz dentro de um recipiente.

USOS

Ieropoulos conta que o EcoBot 3 é o "primeiro exemplo de sistema autossutentável".

"Imagine enviar estes robôs a um local onde podem conseguir a própria energia, com missões específicas como limpar um ambiente de substâncias tóxicas, poluição", disse. A ideia, segundo o cientista, é levar estes robôs para lugares onde os humanos não chegam ou preferem não ir por motivos de higiene ou de segurança. Os cientistas já citaram, como exemplo, enviar os robôs a esgotos das cidades para limpar entupimentos.

Outra possibilidade é usá-los em explorações marinhas em águas profundas, onde não há luz, mas existem grandes quantidades de biomassa, que poderiam servir de alimento.

Os robôs também poderiam ser levados em missões espaciais. Neste caso, o alimento seria de resíduos de astronautas a bordo da nave.

Mas, como lembra Ieropoulos, o EcoBot 3 ainda precisa de muito trabalho e o objetivo dos cientistas agora é dar uma função específica ao robô.

BBC

"Sopa primordial" - Pesquisa sugere que células surgiram em poças ao lado de gêiseres e não no mar

Visão artística da "Sopa Primordial". 
Pintura do artista americano Kevin Stevens.

O prato da "sopa primordial" ficou bem menor: uma equipe de pesquisadores sugeriu, em artigo científico a ser publicado nesta terça-feira na revista "PNAS", que a origem da vida celular não se deu na vastidão do oceano, mas sim em pequenas poças em terra.

É consenso entre os cientistas que os seres vivos surgiram da combinação de certos elementos químicos, que produziram os "tijolos" de substâncias orgânicas dos quais eles são feitos. Esses ingredientes seriam as substâncias químicas dessa "sopa primordial" no mar.

Essa forma de vida primitiva teria se isolado do ambiente, criado um metabolismo próprio para consumo de energia e a capacidade de se reproduzir. Pesquisadores da área se dividem entre os que acham que o metabolismo surgiu antes e os que acham que a capacidade de replicação veio primeiro.

Uma hipótese popular de um dos defensores do "metabolismo primeiro" foi criada por Mike Russel, hoje no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. Para ele, os precursores da vida surgiram no fundo dos oceanos, ao redor de jatos de água quente que surgem de fissuras ligadas à atividade vulcânica.

"Estávamos bem contentes com a ideia da origem da vida no mar e nossas visões atuais ainda incorporam alguns traços da hipótese de Mike Russell", disse à Folha o principal autor do estudo, Armen Mulkidjanian, da Universidade de Osnabrück, na Alemanha.

Mas os cientistas notaram discrepâncias entre as proporções de certas formas de elementos químicos no interior das células atuais dos seres vivos e em ambientes marinhos e terrestres em geral. É o caso de certos íons, átomos ou moléculas eletricamente carregados. De acordo com o grupo, a proporção dos íons dentro das células de hoje reflete a composição do ambiente no qual elas se formaram há bilhões de anos.



As células atuais contêm os seus típicos íons graças a membranas impermeáveis a alguns deles e a enzimas que transportam outros para dentro e para fora. Seria muito exagero sugerir que algo tão sofisticado já existisse nas células primitivas.

Essas "protocélulas" devem ter evoluído em habitats com uma alta relação de íons positivos de potássio e sódio e concentrações altas de compostos de zinco, manganês e fósforo, dizem os pesquisadores.

Segundo eles, essas condições químicas não teriam existido em ambientes marinhos, mas são compatíveis com zonas dominadas por vapor de sistemas geotérmico.

A vida teria surgido em discretas poças ao lado de grandes gêiseres, como os do parque Yellowstone, nos EUA, e só depois os oceanos teriam sido colonizados, quando as condições permitiram.

  • O que é a sopa primordial.
A sopa primordial é uma mistura teórica de compostos orgânicos que podem ter dado origem à vida na Terra. Quando se quer explicar como os organismos vivos apareceram na Terra, muitas vezes se lança mão da teoria da sopa primordial, que parece ser a explicação científica mais plausível.

Quando de sua formação, a Terra não tinha qualquer material orgânico. Mas, estamos aqui - bilhões de anos depois -, demonstrando que, em algum momento, material inorgânico transformou-se em material orgânico. O processo é conhecido como "abiogênese" (a-bio-gênese": origem não biológica), o que, teoricamente, seria extremamente difícil.

As condições na Terra, em seus primórdios, eram muito diferentes das condições atuais. A atmosfera não tinha oxigênio, sendo rica em hidrogênio, amônia, metano e água. Conforme a teoria da sopa primordial, essas substâncias foram preparadas para produzir aminoácidos, os quais teriam sido capazes de se combinar para criar material orgânico que, eventualmente, poderia ter dado origem à vida. A fim de que isso ocorresse, era necessário ter havido um catalisador; os aminoácidos não apareceram espontaneamente.

Pesquisas sugerem que um raio ou calor pode ter servido de "gatilho" para que se desse a formação de aminoácidos a partir de compostos inorgânicos no ambiente da Terra, gerando a sopa primordial e tornando o cenário propício ao desenvolvimento de organismos vivos. Em 1953, com a publicação do famoso Miller-Urey Experiment, no qual os pesquisadores fizeram uma réplica das condições e conseguiram produzir aminoácidos, a teoria saiu fortalecida. Os pesquisadores descobriram que quando os componentes da atmosfera primitiva da Terra eram selados em frascos de vidro, os materiais aquecidos e submetidos a descargas elétricas, os aminoácidos de fato emergiam.

A vida na Terra não saltou da sopa primordial para organismos complexos. O processo teria sido bastante gradual. Os ácidos aumentaram a sua complexidade e juntaram-se uns aos outros de diferentes maneiras. Quando surgiram os organismos vivos, eles tiveram um impacto direto sobre o ambiente e, subseqüentemente, sob sua própria evolução, sobretudo quando os organismos iniciaram a fotossintetização e a produção de oxigênio como subproduto. A produção de oxigênio mudou a atmosfera tão radicalmente, que as condições nas quais primeiramente foi criada a vida na Terra não seriam capazes de ser replicadas no moderno ambiente natural.

O suporte para o conceito de uma sopa primordial, que teria servido como uma incubadora para a vida, vem de diversos experimentos, juntamente com uma extensa pesquisa feita em amostras geológicas que podem fornecer indícios de como a atmosfera da Terra era nos primeiros anos do planeta. Os pesquisadores descobriram que os aminoácidos são precursores dos ácidos nucleicos, que atuam como blocos de construção da vida. Os ácidos nucleicos estão constantemente mudando e se adaptando, e, assim, periodicamente se combinam para formar algo inteiramente novo.

Créditos: Fine Art America.

Pequenos produtores estão cientes, mas expostos aos riscos dos agrotóxicos



  • Grande parte dos agricultores sabia que mexia com um produto perigoso, mas mesmo assim não tomam os devidos cuidados
A maior parte dos pequenos agricultores que utiliza agrotóxicos em suas plantações tem consciência dos riscos causados pelo uso dos produtos, mas ainda assim negligencia o perigo que eles representam, segundo pesquisa da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. O estudo trabalhou com a população rural do município de Bom Repouso, em Minas Gerais.

A pesquisa Análise da percepção de risco do uso de agrotóxicos em áreas rurais: um estudo junto aos agricultores no município de Bom Repouso (MG), que pretendia fazer um levantamento para saber se os produtores tinham noção dos riscos à saúde e ao meio ambiente trazidos pelo uso intensivo de agrotóxicos, constatou que cerca de 50% dos entrevistados classificava o manuseio de agrotóxicos como “muito perigoso”, e 40% deles diziam não receber nenhuma orientação técnica, mas somente a de amigos, vizinhos ou parentes, o que faz com que determinadas práticas de aplicação dos produtos químicos sejam perpetuadas. A autora da pesquisa, a assistente social Evellyn Espíndola, utilizou uma Planilha de Percepção de Riscos a Saúde e ao Meio Ambiente em uma mostra de 50 pessoas. Para responder à planilha, o próprio entrevistado ou alguém de sua família já deveria tinha sofrido intoxicações em decorrência do uso de agrotóxicos. Por este método, eles indicaram o grau de perigo para determinadas situações (como “nada perigoso”, “pouco perigoso” e “muito perigoso”).

Quando perguntados se conseguiam entender a indicação de toxicidade do produto e o que está escrito na bula, grande parte dos produtores disse que não consegue, o que se deve principalmente à sua baixa escolaridade. “A maioria deles cursou até o ensino fundamental, então mesmo que saibam ler, não conseguem entender a bula, que é cheia de termos técnicos”, diz Evellyn. Dos entrevistados por ela, 70% admitiram ser extremamente perigoso o fato de não conseguirem entender a bula. Para a pesquisadora, a dificuldade na interpretação da bula reafirma a necessidade de intervenção de um técnico ou agrônomo.

Segundo a assistente social, os agricultores sabem que manuseiam um produto perigoso, mas ignoram esse perigo por três fatores principais: a ausência de informações, a baixa escolaridade e a perpetuação de antigas práticas de cultivo. Fora isso, ainda há o sentimento de imunidade ao perigo e a questão financeira. A agricultura orgânica (que não usa agrotóxicos), por exemplo, foi uma das alternativas propostas por pesquisadores de um projeto anterior, mas os produtores a consideram mais cara, com menos retorno e com exigência de mais cuidados. Em seu-dia-a-dia, os agricultores costumam usar roupas comuns para a aplicação dos tóxicos (a pesquisa constatou que 86% deles não usam os Equipamentos de Proteção Individual [EPIs] no momento da aplicação), além de muitas vezes misturá-los com outros produtos de forma inadequada.

O morango e a batata são os principais 
cultivos de Bom Repouso

Projeto Mogi-Guaçu

Entre 2004 e 2006, o projeto Mogi-Guaçu, da Petrobras Ambiental, fez estudos na área e detectou elevado índice de utilização dos agrotóxicos e de intoxicações decorrentes desse uso na região. Os agricultores relataram 81 tipos diferentes de compostos químicos usados em suas plantações. O estudo de Evellyn Espíndola, orientado por Evaldo Luiz Gaeta Espindola, deriva desse projeto, que na época entrevistou 160 pessoas. A mostra selecionada pela pesquisadora se refere somente àqueles que se declararam intoxicados pelos agrotóxicos. “As conclusões que o Mogi-Guaçu e outros projetos da época trouxeram já sugeriam um resultado como o encontrado, então não foi uma surpresa para nós quando verificamos que os agricultores sabiam do risco que corriam, mas não faziam nada a respeito”, afirma a pesquisadora. Para ela, os agricultores são os agentes e as próprias vítimas de sua prática.

Bom Repouso

A cidade de Bom Repouso tem como principais produtos cultivados a batata e o morango. O alto uso de agrotóxicos nesses cultivos pode contaminar, além dos próprios hortifruti, o solo e a água da região, o que implica em problemas de saúde mais sérios e abrangentes.

Cerca de 50% da população de Bom Repouso reside em áreas rurais, e dada a importância e o peso da agricultura para o município, é ainda mais importante atentar para o manuseio dos agrotóxicos na região, já que práticas intervencionistas podem ter impactos na economia da cidade. “Ações como desenvolvimento de projetos comunitários com ênfase social, econômica e ambiental são sempre boas alternativas, pois podem contribuir para a formação das novas gerações”, acredita Evellyn.

A pesquisadora acredita que, justamente por isso, sua pesquisa é importante para a comunidade, já que dá informações a respeito da opinião e dos costumes da população, e o que pensam sobre o uso de agrotóxicos, o que pode facilitar ações futuras. “É necessária uma mudança de hábitos”, completa.

Por Mariana Soares - nanacsoares@gmail.com

Menor camaleão do mundo encontrado em Madagáscar


Ilha de Nosy Hara alberga espécie 
que é um exemplo de nanismo insular

  • "Brookesia micra" foi descoberto em Nosy Hara

Investigadores alemães descobriram quatro espécies de répteis muito pequenos em Madagáscar. No estudo publicado na "PLoS ONE", explicam que se tratam de camaleões que têm apenas alguns milímetros de comprimento. Os autores concluem que estes se encontram entre os menores répteis do mundo.

Dirigidos por Frank Glaw, da Colecção Estatal Zoológica de Munique (Zoologische Staatssammlung München), os cientistas fizeram análises genéticas com as quais determinaram que os pequenos répteis são de espécies distintas.

Uma análise genética comprovou que os camaleões são de quatro espécies diferentes, o que indica que se separaram há milhões de anos. Cada espécie nova está, portanto, restrita a um território muito pequeno, sendo que o menor dos territórios tem apenas meio quilómetro quadrado. A menor espécie encontrada – Brookesia micra – só foi encontrada em Nosy Hara, uma ilha extremamente pequena situada a norte da ilha principal de Madagáscar. Os investigadores sugerem que esta espécie pode representar um caso extremo de nanismo exclusivo daquela ilha, fenômeno no qual as espécies diminuem de tamanho para se adaptarem a um habitat de menores dimensões.

Outra espécie minúscula – o Brookesia tristis – foi encontrada numa parte isolada de uma floresta, perto de uma cidade. O nome foi escolhido pelos cientistas para alertar para o perigo de extinção destas espécies que são muito frágeis.

Frank Glaw adverte que é "urgente concentrar esforços para a preservação destas e outras espécies microendémicas de Madagáscar que estão fortemente ameaçadas pela desflorestamento".

Exemplar do Brookesia micra, menor das quatro espécies de camaleão descobertas em Madagascar


Artigo: Rivaling the World's Smallest Reptiles: Discovery of Miniaturized and Microendemic New Species of Leaf Chameleons (Brookesia) from Northern Madagasca

Estudo com araras-vermelhas ajuda a conservação da espécie


Casal de ARA MACAO em ninho no Parque Nacional
 de Pacaás Novos, em Rondônia

Uma pesquisa realizada no Instituto de Biociências (IB) da USP poderá ajudar na preservação das araras-vermelhas Ara chloropterus e Ara macao. Em sua pesquisa de doutorado, a bióloga Adriana Ribeiro de Oliveira-Marques constatou que a espécie Ara chloropterus possui alguma diferenciação genética populacional nas diferentes localidades onde ocorre. “As aves que vivem, por exemplo, no Piauí são geneticamente diferentes das do Mato Grosso do Sul. Este dado é importante para órgãos responsáveis por planos de conservação da espécie. Se uma ave do Piauí for levada para o Mato Grosso do Sul, poderá prejudicar esta população, ao introduzir algum tipo de doença”, aponta a pesquisadora. Outra possibilidade é remanejar exemplares de uma região com grande número populacional para introduzir em locais onde há risco de extinção da espécie.

“Já para Ara macao não encontramos diferenciação genética entre araras das diferentes localidades analisadas. Os dados indicam que parece se tratar de uma única população. No entanto, sugerem que esta espécie se encontra em declínio populacional, o que merece ser estudado mais detalhadamente”, pondera.

Diferenças entre as araras vermelhas: A, C 
e F: Ara chloropterus; B, D e E: Ara Macao

A espécie Ara chloropteruspode ser encontrada em quase todo território brasileiro, desde a região norte, centro-oeste, sertão do nordeste até o sudeste. Já a ocorrência daAra macao está concentrada em toda a região norte, na amazônia, ao norte do estado de Mato Grosso, e em alguns pontos da América Central.

Apesar de serem muito semelhantes na aparência, pois possuem plumagem predominantemente vermelha, essas aves apresentam algumas diferenças. Em relação ao tamanho, a A. chloropterus é um pouco maior que A. macao; na região ao redor dos olhos, a A. chloropterus possui fileiras de penas, enquanto a A. macao não tem. A cor das asas também é distinta: a A. macao possui a cor amarela nas asas, enquanto A. chloropterus não.

O objetivo do estudo da bióloga era verificar se havia diferenças genéticas entre grupos de aves de regiões geográficas distintas para as duas espécies. “Infelizmente, nossos dados não permitiram verificar se as espécies do Parque Estadual Morro do Diabo em Teodoro Sampaio, interior de São Paulo, onde a espécie é considerada ameaçada de extinção, são remanescentes dessa região, ou se são provindos do Mato Grosso do Sul. Por isso, mais estudos devem ser realizados com aves dessa localidade”, informa.

Distribuições de Ara chloropterus (linha preta) 
e de Ara macao (linha azul)

Adriana começou a pesquisar as araras durante o mestrado. “O foco era a filogenia[estudo das relações evolutivas entre os organismos] do gênero Ara. Um dos resultados que obtive é que essas duas espécies de araras-vermelhas são o que chamamos de espécies irmãs: muito próximas evolutivamente e também muito parecidas morfologicamente [na aparência]. Daí surgiu a curiosidade de estudar, no doutorado, a variabilidade genética das populações dessas espécies”, explica.

Adriana realizou análises genéticas com amostras de sangue e de penas de araras-vermelhas de diferentes regiões do Brasil. Essas análises foram feitas baseadas nas sequências de segmentos do DNA mitocondrial (DNA existente nas mitocôndrias das células) e nas análises de sequências chamadas de microssatélites, que são encontradas no DNA no núcleo dessas espécies.

Pesquisadora escalou árvores 
e paredões para capturar filhotes

Escalando árvores e paredões

“As duas espécies possuem ampla distribuição geográfica, então nós tentamos obter uma boa representatividade geográfica dessas espécies. No caso de Ara macao, foram coletadas amostras na amazônia brasileira nos estados do Pará, Amazonas, Rondônia e Acre. Para A. chloropterus foram coletadas amostras de diferentes biomas: cerrado no Piauí, pantanal no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mata atlântica em São Paulo e amazônia nas mesmas localidades de Ara macao.”

Para realizar a coleta de amostras, Adriana escalou árvores e paredões de arenito para capturar filhotes de araras-vermelhas. “Depois da retirada de algumas gotas de sangue, os filhotes foram devolvidos com segurança aos seus respectivos ninhos”, conta a pesquisadora. Além de Adriana, outra pesquisadora do IB também fez parte da empreitada: Flávia Presti, que coletou material para uma pesquisa de doutorado envolvendo araras-azuis. Adriana também recebeu amostras de sangue de alguns pesquisadores do Brasil, como Neiva Guedes, do Projeto Arara-azul (MS); Paulo Antas, do SESC Pantanal (MT) e Alexandre Aleixo, do Museu Emílio Goeldi (PA).

Least concern

Segundo Adriana, as duas espécies de araras-vermelhas estudadas não são consideradas ameaçadas de extinção globalmente, pois ambas são encaradas como comuns. Apesar da perda de habitat e da retirada de filhotes da natureza, acredita-se que estas espécies não se aproximam da porcentagem mínima de declínio populacional (mais de 30% de declínio em 10 anos ou três gerações) por isso, ambas estão como “least concern” (preocupação mínima) na organizaçãoInternational Union for Conservation of Nature (IUCN) e estão como todos os psitacídeos no Apêndice II do Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora (CITES).

Filhote de Ara macao coletada 
em ninho no Amazonas

“Porém, A. chloropterus é considerada ameaçada de extinção no estado de São Paulo, ocorrendo apenas na região do Parque Estadual Morro do Diabo. Já a Ara macao é considerada ameaçada de extinção em alguns lugares fora do Brasil como Costa Rica e Peru”, esclarece.

De acordo com a bióloga, também é interessante citar que as araras-vermelhas, assim como as azuis, fazem ninhos em paredões e árvores. “Duas diferenças a destacar são que as araras-vermelhas usam como ninhos os ocos de várias espécies de árvores, enquanto as araras-azuis preferem poucas espécies de árvores, e também possuem dieta mais generalista que as azuis”, finaliza.

A pesquisa Caracterização da estrutura genética populacional das araras-vermelhas Ara chloropterus e Ara macao (Psittaciformes, Aves) foi apresentada ao IB em 28 de janeiro de 2011 sob a orientação da professora Cristina Yumi Miyaki.

Por Valéria Dias - valdias@usp.br

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