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sexta-feira, 13 de abril de 2012

O Pantanal visto por Aerenilso, um "pantaneiro" de 10 anos (Projeto Jaguar / ONG Panthera)

O Pantanal visto por Aerenilso, um miúdo de 10 anos (VÍDEO)

Produzido pela ONG Panthera.org






No Pantanal nosso objetivo é de melhor documentar a extensão até onde as onças criam conflito com as fazendas de gado. Quase 80% do Pantanal é usado para a pecuária e é um fato que as onças podem eventualmente atacar o gado. No entanto, fazendeiros locais frequentemente culpam as onças por todas as mortes de gado nos campos de pastagem e nós queremos investigar isso em detalhes.. Com as coleiras transmissoras, nós temos o único meio técnico possível de se produzir os dados científicos sólidos que precisamos para saber quais são as quantidades exatas de perdas reais de gado para as onças, assim como obter números precisos sobre quantos gatos selvagens podem ser mortos ilegalmente. Com essa informação em nossas mãos, nós podemos experimentar mudanças na técnica de proteção ao gado, tais como cercas elétricas, búfalos que guardam a manada, separação em currais protegidos para o gado jovem e vulnerável, e por aí em diante. Queremos demonstrar aos pecuaristas, que ainda possam estar relutantes, quais são as técnicas que podem realmente reduzir as suas perdas. Ao fazer isso, esperamos que possa ser estabelecida uma melhor relação de convivência entre pecuaristas e a onça. Se tivermos sucesso, no futuro as onças estarão mais seguras quando atravessarem as fazendas de gado.


Uma foto armadilha da câmera de um jaguar (onça),
com coleira no Pantanal brasileiro.

É impossível obter essa informação apenas observando os animais ao longo dos rios ou colocando câmeras automáticas escondidas que fotografam onças e outros animais selvagens quando eles passam. Ambas as técnicas são úteis para prover alguma informação sobre o número de onças, especialmente as armadilhas fotográficas, que fornecem informações precisas para estabelecer as estimativas de densidade. Mas esses recursos não nos permitem responder a contento à questões a respeito dos conflitos entre as onças e os criadores de gado.. Nossas coleiras transmitem informações à distância, então podemos seguir as onças enquanto essas se deslocam pela paisagem; as coleiras indicam até mesmo mesmo o local e o momento precisos de quando uma onça morre, então mesmo que não possamos examinar pessoalmente um animal morto, podemos ter informações que alertem quando muitos estão morrendo em uma determinada região e, aí, investigar melhor quais as causa dessas mortes. Não há como obter esse mesmo tipo de informação simplesmente observando onças por algumas horas por dia na beira dos rios, essa informação é preciosa e é essencial para se lidar com a questão do conflito homem x predador.

É um erro achar que as coleiras vão ficar no animal por toda a sua vida. Nossas coleiras são desenhadas com um dispositivo que faz com que elas se desprendam automaticamente depois de um período estipulado de dois anos. Isso significa que não temos que capturar um animal pela segunda vez para remover a coleira.




Os cientistas da fundação Panthera já capturaram centenas de felinos selvagens de muitas espécies diferentes em todos os continentes do mundo onde esses animais aparecem. Nós colocamos o mais alto valor na segurança total dos animais e temos muitas décadas de experiência em grupo para assegurar que esse processo seja realizado dentro dos padrões mais altos de segurança. É triste que sejamos ocasionalmente representados como “cientistas sem coração” interessados apenas em dados quando na realidade cada um de nossos biólogos faz sacrifícios pessoais e se coloca em situações de risco ao trabalhar com espécies selvagens, simplesmente porque nós realmente os amamos profundamente. Ao prosseguir com processos científicos rigorosos, nós temos esperança de garantir a continuidade de sua existência, para que as gerações futuras também tenham a possibilidade de continuar a amá-los.



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Luke Hunter, PhD
President
PANTHERA

Mata Atlântica do Espírito Santo guarda resquícios da floresta amazônica de 7,8 mil anos atrás





Com um tronco avermelhado de quase 2 metros de diâmetro e 25 metros de altura, com uma casca que lembra escamas de peixe, a jueirana-vermelha ou Parkia pendula é uma das espécies de árvores típicas da floresta amazônica que começaram a ser encontradas em uma reserva de mata atlântica em Linhares, norte do Espírito Santo, a 2.400 quilômetros das bordas da atual floresta amazônica, há 30 anos. No entanto, até hoje ninguém sabe muito bem por que elas estão aqui. Agora, para deixar ainda mais emocionante a dúvida, especialistas de São Paulo, com base em análises de solo e de pólen retirados dos sedimentos do fundo de uma lagoa, estão literalmente desenterrando as paisagens do passado e mostrando que as espécies amazônicas já viviam nesta região há pelo menos 7,8 mil anos.


Parkia pendula


Esse levantamento está indicando que espécies se mantiveram ou desapareceram como resultado das variações de clima e de solo ao longo de milhares de anos. Além disso, sugere possíveis interações entre ambientes hoje distantes e isolados, como a floresta litorânea e a Amazônia, e, de modo mais amplo, indica a tendência das transformações, a resistência ou a fragilidade das diversas formas de vegetação nativa do país, em resposta às variações de clima. “As matas fechadas, se não houver interferência humana nem mudanças climáticas intensas, tendem a avançar sobre as áreas abertas, ocupadas pelos campos”, diz Luiz Carlos Pessenda, pesquisador do Centro de Energia Nuclear da Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba, que coordena os levantamentos que estão refazendo a floresta submersa do norte do Espírito Santo.


Parkia pendula


Nos últimos 20 anos, Pessenda, físico de formação, fez cerca de 200 furos pelas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste em busca de pólen em sedimentos terrestres e lacustres e em amostras de solo, antes de concluir que as áreas abertas tendem a escassear, seguindo a tendência dos últimos 4 mil anos. Talvez não aqui em Linhares, ele suspeitou, ao percorrer essas matas pela primeira vez, há quatro anos, e ver os campos nativos – cerca de 20 áreas circulares com uma vegetação rasteira e raras árvores, que crescem em solo bastante arenoso e resistem em meio à mata fechada. “Há 8 mil anos havia ilhas de floresta amazônica aqui, onde o clima não mudou muito, ou então a floresta amazônica chegava até aqui.”


Buso, Alves e Siqueira, diante de uma 
monumental Parkia pendula, ampliada ao lado


Com base nos dados obtidos até agora, Pessenda, com sua equipe do Cena, concluiu que o clima no norte do Espírito Santo deve ter se mantido relativamente estável nos últimos 15 mil anos. Desse modo, a área, a composição e a estrutura das matas devem ter se mantido com poucas alterações, enquanto em outras regiões do país as florestas encolhiam ou desapareciam, em resposta a variações climáticas intensas. Esse contraste sugere que as matas capixabas podem ter sido refúgios biológicos, preservando espécies de plantas e de animais que podem ter se extinguido em outros lugares ou mesmo servindo como espaço para a formação de novas espécies, à medida que se separavam de outras. O arquipélago de Fernando de Noronha, onde ele também fez levantamentos de campo, pode ter sido outro lugar sem grandes mudanças na vegetação, mas com claros registros do avanço da linha de costa. “Onde é manguezal, a 200 metros da praia”, diz ele, “já foi praia, há aproximadamente 5 mil anos.”

A possibilidade de ter sido um refúgio com florestas há milhares de anos, se confirmada por outros estudos, poderá ampliar o valor biológico dessas matas que há meio século seguiam contínuas até o sul da Bahia e ganharam o nome de hileia baiana, em razão da semelhança com a Amazônia. As florestas encolheram bastante, em razão da expansão das cidades e do desenvolvimento econômico – Linhares já foi um pujante centro de produção de móveis, com madeiras retiradas das matas nativas. Mas restou uma respeitável área de 45 mil hectares – metade preservada como área pública federal, a reserva biológica de Sooretama, e outra metade pela mineradora Vale – cercada de fazendas de café e mamão.


Reserva biológica de Sooretama


A biodiversidade salvou a floresta dessa região”, diz o engenheiro florestal Gilberto Terra Ribeiro Alves, coordenador de pesquisa da Reserva Natural Vale (RNV). A mineradora começou a formar a reserva em 1955 comprando fazendas com matas nativas. De acordo com o plano inicial, as árvores seriam cortadas em regime de exploração seletiva e a madeira aproveitada para construir dormentes para a ferrovia Vitória–Minas, que transporta minério de ferro do Quadrilátero Ferrífero até o porto de Vitória. Seria necessário, porém, adaptar os métodos de produção e as máquinas de corte para cada árvore que chegasse da mata. E, por fim, foi mais simples e mais barato fazer dormentes com eucaliptos plantados na região.

A reserva da Vale ganhou outro destino e se tornou uma área de preservação da mata atlântica peculiar dessa região, a chamada floresta de tabuleiro, mantendo atualmente cerca de 100 projetos próprios, principalmente nas áreas de silvicultura de espécies não tradicionais e restauração florestal. É também um espaço para pesquisas em botânica e ecologia. Segundo Alves, a reserva abriga hoje cerca de 60 projetos de pesquisa em andamento, executados por equipes de 17 instituições nacionais e oito estrangeiras, além de um herbário com quase 4 mil espécies e coleções de sementes, madeira e frutos que tem se mostrado valioso para completar a identificação de espécies coletadas na mata.

Siqueira, o curador do herbário, nasceu em Linhares, mas nunca tinha entrado em uma floresta até começar a trabalhar na reserva, em 1995. No início, morria de medo de andar por ali. “Quando entrava na mata, o pelo do braço arrepiava, o coração disparava”, ele conta. “Aos poucos vi que a floresta não era tão amedrontadora quanto parecia.” De lá para cá, ele coletou 800 plantas da mata para reforçar o herbário e tem sido bastante requisitado para trabalhar na identificação das espécies ao lado de botânicos veteranos como José Rubens Pirani, da USP. Pirani visitou a reserva em fevereiro de 2011 para ver in loco a Spiranthera atlantica, uma espécie nova e a primeira ocorrência na mata atlântica de um gênero de árvore antes encontrada apenas na Amazônia e no cerrado, da qual Siqueira já tinha lhe enviado material para identificação.

Um levantamento preliminar indicou que cerca de 800 espécies de árvores e palmeiras – as mais abundantes são típicas de mata atlântica – se espalham pela reserva da Vale, incluindo algumas só encontradas nestas matas, como duas espécies de ipês. Em uma contagem de campo recém-concluída, uma equipe da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, encontrou 142 espécies de árvores que ocorrem também na Amazônia – e algumas delas também na caatinga e no cerrado. “As espécies de outros ecossistemas não são as mais importantes, em número de indivíduos, mas apresentam uma alta diversidade”, diz o engenheiro florestal Sebastião Venâncio Martins, professor da UFV e coordenador dos estudos de campo nas florestas de Linhares. Além disso, espécies como a Parkia ajudam a formar o dossel, a parte mais alta da floresta. Para Martins, a maior concentração de espécies amazônicas nos trechos mais preservados e distantes das bordas da floresta da reserva, verificada na pesquisa de doutorado de Luiz Fernando Magnago, que ele orienta, reforça a necessidade de preservação de grandes áreas de florestas nativas nesta região do Espírito Santo.

A pergunta que persiste na mente de quem vê estas matas: por que essas espécies de árvores amazônicas estão aqui? “Pode ter havido uma conexão entre a Amazônia e a mata atlântica, talvez por meio das matas próximas aos rios”, diz o biólogo Antonio Álvaro Buso Junior, que trabalha com Pessenda no Cena. “Quando? Talvez há 10 ou 20 milhões de anos. Ou mais recente, há 50 ou 100 anos. A conexão pode ter sido feita por meio das matas ciliares e foi desfeita com o desmatamento.”


Campos cercados pela floresta


Pirani concorda: “Vários estudos paleobotânicos têm demonstrado que, em uma época de clima mais úmido e quente, havia cordões de mata e manchas de mata úmida onde hoje é caatinga e cerrado”. Para Martins, além de prováveis ligações remotas entre tipos de vegetação hoje bastante diferenciadas, mas que antes deviam formar um tapete verde contínuo, essa floresta apresenta solo arenoso, relevo plano e um clima marcado por chuvas constantes semelhantes à Amazônia. Essas semelhanças ajudam a explicar a sobrevivência de espécies comuns nas matas nativas da Região Norte do país.


Do fundo de um lago





Equilibrando-se em barcos infláveis, Álvaro e Paulo Eduardo de Oliveira, pesquisador da Universidade São Francisco com experiência nessa área, recolheram amostras de sedimentos de até dois metros de profundidade do fundo da lagoa do Macuco, que se espalha com cerca de um quilômetro de largura e três metros de profundidade, na reserva de Sooretama. De volta ao Cena, Álvaro identificou pólen de 234 gêneros ou famílias de árvores, arbustos, ervas, samambaias e plantas aquáticas (cada grão de pólen mede de 20 a 60 micrômetros). “A identificação por pólen permite a identificação taxonômica com segurança apenas até o nível de gênero”, argumenta.


Lagoa do macuco, na reserva de Sooretama: ex-manguezal


A maioria dos gêneros reconhecidos representava espécies de árvores típicas de mata atlântica, alguns, como o gênero Hydrogaster, exclusivos das matas de tabuleiro do sul da Bahia e norte do Espírito Santo. Outros gêneros são encontrados na Amazônica e na mata atlântica, como Glycydendron, Rinorea e Senefeldera. “Por que acham que vieram de lá para cá?”, indaga Domingos Folli, botânico que antecedeu Siqueira no herbário, com a autoridade de quem fez 6.800 coletas. “Podem ter ido daqui para lá.” Pode ter ocorrido, claro, um fluxo de mão dupla.

As sementes das árvores podem ter sido transportadas pelo vento, pela chuva, pelos rios ou pelos animais que circulavam nas áreas de comunicação entre florestas antes possivelmente conectadas e, elas próprias, muito mais amplas. Ainda hoje vivem por aqui onças e outras raridades, como o gavião-real e mutuns. Uma das 380 espécies de aves já identificadas que vivem nessas matas, o tropeiro ou cricrió (Lipaugus vociferans), é típica da Amazônia. Lá e aqui, dificilmente é visto por ter uma plumagem que se confunde com a vegetação, mas é um dos primeiros pássaros que se põe a cantar, como se estivesse dando um alarme, ao ver pessoas pela mata. Um dia, andando pela mata, Álvaro ouviu algo ainda mais raro: papagaios cantando Ilariê-ê-ê-ê; a música da Xuxa! Ele não acreditou, mas depois soube que um bando de papagaios criados em casas tinham sido soltos ali havia poucos dias e ainda exibiam o repertório dos tempos de cativeiro.


Um bloco da camada compacta sob a areia: resistência

Resquícios do mar

No material colhido no fundo da lagoa, Álvaro encontrou pólen dos três gêneros de árvores típicas de manguezais, indicando que há cerca de 8 mil anos um denso manguezal deve ter ocupado as margens da lagoa e dos rios que a abastecem. As análises de carbono 14, sob o cuidado de Pessenda, reiteraram essa conclusão.

“Esta área já foi estuário e a água do mar deve ter chegado até aqui há no mínimo 8 mil anos”, diz Álvaro do alto do barranco da lagoa, a quase 30 metros de altura. Esqueletos calcificados de algas e esponjas marinhas retirados do fundo da lagoa – bem maiores que os grãos de pólen, com até meio milímetro de diâmetro – reforçam a conclusão de que há 10 mil anos a água dos rios próximos deve ter ser misturada com a do mar, hoje a 23 quilômetros de distância. “Os manguezais, que hoje vemos apenas ao norte, na divisa com a Bahia, devem ter desaparecido antes da ocupação humana, quando o nível do mar recuou”, diz Pessenda. Em colaboração com Marcelo Cohen, especialista em evolução de paleomanguezais da Universidade Federal do Pará, o grupo do Cena pretende conhecer os limites geográficos e as possíveis causas do desaparecimento dessa vegetação. Em um estudo anterior, Pessenda concluiu que há cerca de 40 mil anos uma floresta ocupava as áreas atualmente cobertas pelos manguezais na ilha do Cardoso, litoral sul paulista, porque a linha de costa estava a cerca de 100 quilômetros de onde está hoje.

Por volta de 6 mil anos atrás, o mar no litoral capixaba devia estar cerca de quatro metros acima do que está hoje, concluiu o geólogo Paulo Giannini, com sua equipe do Instituto de Geociências da USP. Sua conclusão se apoia em análises de fósseis de moluscos gastrópodes chamados vermetídeos (Petaloconchus varians), que formam colônias sobre rochas acompanhando a linha da água.



Instituto de Geociências da USP


Giannini tem um pé em Linhares. “Há uns dois anos, Pessenda me pediu, ‘Paulo, descobre por que os campos nativos estão lá’”, diz ele. “A vegetação não é só resultado do clima; temos de ver também a influência do substrato, por exemplo, se há milhares de anos existiram lagos na região, que depois foram assoreados, conformando as áreas em que cresceram grupos específicos de plantas.” Os campos das matas do norte capixaba são áreas circulares, de 100 a 500 metros de diâmetro, que lembram uma área de pouso de naves espaciais. Podem ser diferentes entre si. Em um deles a camada de areia ocupa quase um metro antes de chegar a uma camada preta e compacta rica em metais e matéria orgânica, em outra a areia chega a quase dois metros de profundidade.

Sobre esse solo pobre em nutrientes crescem espécies distintas de gramíneas, mais rasteiras em um campo, mais altas em outro, às vezes com árvores isoladas, semelhante às formas mais abertas de cerrado. Em um dos campos, alojada em uma árvore isolada, exibe-se uma orquídea de flores brancas, a Sobralia liliastrum, comum nas matas da Chapada Diamantina, sul da Bahia, e já vista nas matas da serra dos Carajás, no Pará.

Os especialistas acreditam que as árvores da floresta que cerca os campos, adaptadas a um solo mais fértil, dificilmente poderiam sobreviver neste espaço pobre em nutrientes, que, além disso, permanece coberto por uma camada de água de 10 a 15 centímetros durante a época de chuvas. Uma vegetação de altura intermediária ocupa as áreas mais próximas da floresta, mas ainda ninguém arrisca dizer se os campos estão avançando sobre as matas, se estão recuando ou se simplesmente há uma oscilação anual, de acordo com a estação seca ou chuvosa. “Se o clima sazonal se mantiver”, diz Pessenda, “provavelmente as árvores de terra firme que se encontram no entorno dos campos não vão se atrever a colonizar o terreno alheio, que frequentemente se encontra encharcado. Não é o seu ambiente!”

Siqueira suspeita que os campos estejam encolhendo – e já viu muitos desaparecerem, por causa da areia fácil de ser retirada e por muitos anos bastante usada na construção de casas e prédios. “Se não houver grandes intervenções”, diz Martins, de Viçosa, “a tendência é se manterem, por causa do tipo de solo, que bloqueia o avanço das espécies florestais”. Pessenda acredita que os campos devem estar na mesma área “há pelo menos 15 mil anos”.

Em 20 anos de trabalho de campo, o que mais ele tem visto são florestas comendo os campos. Foi assim em Humaitá, no sul do estado do Amazonas, que Pessenda acompanhou durante cinco anos. Nos primeiros anos ele deixava um barbante estendido marcando os limites da mata com os campos. Ao voltar, no ano seguinte, custava a encontrar o barbante, engolido pela floresta, que tinha avançado um ou dois metros sobre os campos (ver mapa).

O Projeto

Estudos paleoambientais interdisciplinares na costa do Espírito Santo – nº 11/00995-7
Modalidade
Projeto Temático
Coordenador
Luiz Carlos Ruiz Pessenda – Cena/USP
Investimento
R$ 1.027.868,62 (FAPESP)

Pessenda conta que teve de fazer uma cirurgia no ombro por causa do esforço exigido para fazer os furos (os estudantes hoje o ajudam, claro), mas nem pensa em parar. “Estamos indo para o sul da Bahia, em busca de sinais de manguezais e campos e matas antigas”, anuncia, enquanto planeja as próximas viagens e a ampliação do laboratório de 240 para 400 metros quadrados (eram 90 em 1990). Esse campo de estudo também está se mostrando bastante fértil, e equipes do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, entre outras, estão refazendo paisagens de milhares de anos atrás – e imaginando como vão se transformar daqui para a frente – com base em análises de solo e pólen.

Outra indicação dos bons ventos desse campo de pesquisa: o navio oceanográfico alemão Maria Merian partiu do porto de Recife em 11 de fevereiro para coletar sedimentos da foz dos rios Parnaíba e Amazonas e da costa da Guiana Francesa. Outro objetivo é reconstituir a evolução do clima da região amazônica nos últimos 2 mil anos. “Neste momento [início de março] estamos na desembocadura do rio Amazonas e já coletamos testemunhos sedimentares de excelente qualidade, além de amostras da coluna de água, e pudemos mapear o delta subaquático do rio Amazonas com uma resolução espacial simplesmente impressionante”, relata o geólogo Cristiano Chiessi, da USP, um dos pesquisadores brasileiros, diretamente do navio. “Nosso destino final é Bridgetown, Barbados, aonde devemos chegar em 11 de março.”

Fontes: FAPESP / USP

Suba a bordo do novo Rainbow Warrior







Manaus foi a primeira parada do Rainbow Warrior, mais novo e moderno navio de campanhas do Greenpeace em visita inédita que marca o 20o aniversário da organização no Brasil.

O público teve a oportunidade de subir a bordo gratuitamente, conhecer a tripulação e participar das campanhas de proteção ambiental.





Suba a bordoTerceiro navio do Greenpeace a ostentar o nome Guerreiro do Arco-Íris, o navio foi lançado em outubro do ano passado, mas já se tornou um ícone em sustentabilidade. Cada detalhe foi pensado para reduzir ao máximo seu impacto sobre o meio ambiente, desde o uso da força dos ventos como principal motor, até um sistema de tratamento de água e resíduos.

Seu motor de propulsão diesel-elétrica é acionado apenas sob condições climáticas desfavoráveis ou em ações que exijam potência máxima. Mesmo assim, o design inovador do casco permite que menos combustível seja gasto, com menos emissão de gases poluentes.

A construção do navio só foi possível graças ao apoio de mais de 3 milhões de colaboradores regulares do Greenpeace em todo o mundo, além de 100 mil doações específicas.





O navio esteve atracado no porto de Manaus (Rua Marques de Santa Cruz, 25, Centro), com visitação  gratuita nos dias 24 e 25 de março.

Depois de Manaus, o Rainbow Warrior passará por mais cinco cidades brasileiras: Belém, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e Santos. Confira a agenda:

  • Belém: 5 e 6 de maio
  • Recife: 26 e 27 de maio
  • Salvador: 2 e 3 de junho
  • Rio de Janeiro: 10, 16 e 17 de junho
  • Santos: 30 de junho e 1 de julho










Assine a petição pelo Desmatamento Zero: 



Encontro marcado no Rio


Pavilhão do estado do Rio, que será montado durante a Rio+20


Em contagem regressiva para a Rio+20, cidade prepara centros de convenção, áreas turísticas e até favelas para receber 50 mil participantes da conferência 

As atividades começam simultaneamente no dia 13 de junho. O Riocentro vai abrigar as rodadas de negociações entre diplomatas para a adoção da declaração final da conferência. Lá, estará em jogo boa parte do sucesso ou fracasso da Rio+20

É cedo para dizer se a maioria dos 150 chefes de estado aguardados pelo Itamaraty para a Rio+20 vão de fato desembarcar na cidade. Mas a julgar pelos preparativos do evento, grande parte da movimentação e da visibilidade mundial dedicada ao Brasil estão prestes a reeditar o frisson de 20 anos atrás, quando a ECO-92 transformou o Rio em capital do mundo. Além da cúpula que vai discutir o futuro do desenvolvimento sustentável, estão a caminho debates, exposições, encontros e (muitas) manifestações promovidas pelas mais diversas entidades. Sem falar na fila de celebridades internacionais que devem passar pela cidade para apoiar causas que vão da defesa do meio ambiente à ajuda aos países pobres. 

A perspectiva é de que 50 mil pessoas cheguem somente para as atividades da ONU no Riocentro, mas um número ainda não estimado pelas autoridades é esperado para participar dos eventos paralelos. Com uma verba de 200,1 milhões do orçamento de 430 milhões de reais liberados em dezembro para a Rio+20 — o restante do orçamento é repartido entre os Ministérios da Justiça (48 milhões de reais), Ministério do Meio Ambiente (15,8 milhões), Ministério da Defesa (157,1 milhões) e Presidência (9 milhões) — o ministro Laudemar Aguiar é encarregado de chefiar a comissão que prepara a logística daquela que pretende ser a maior conferência da história. "É assim (como a maior conferência da história) que a ONU está tratando a Rio+20. E é com esse perspectiva que trabalhamos. Claro que esperamos que todos os principais convidados compareçam. Mas a grandeza é também pelo tema. Temos um processo que vem desde Estocolmo, passa pela Rio 92 e chega à Rio+20. É um novo caminho que vai ser aberto", afirma Aguiar.

  • Onde e quando acontecerão os eventos da Rio+20

Os cerca de 50 mil participantes da conferência vão se reunir em espaços nas zonas sul e oeste, com destaque para as regiões próximas ao Parque do Flamengo e ao Riocentro


Aterro do Flamengo. Será a sede dos eventos de ONGs, instituições públicas e pequenas ou médias empresas. Estão previstos para o local a Cúpula dos Povos e a Marcha das ONGs. Os eventos começam no dia 13 e vão até 22 de junho, em uma extensão de área ainda a ser definida pela Prefeitura do Rio de Janeiro.


Palácios Guanabara e Laranjeiras. A sede do governo estadual e a residência oficial do governador vão receber reuniões preparatórias da Cúpula Mundial dos Governos Regionais e o coquetel de boas vindas para as autoridades. As atividades estão agendadas para os dias 17 e 18 de junho.



Ocupadas por policiais militares das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), algumas das favelas consideradas ‘pacificadas’ receberão visitas de delegações, empresários e jornalistas. Estão no roteiro o Complexo do Alemão, na zona norte; Chapéu Mangueira, Babilônia, Pavão-Pavãozinho,Cantagalo e Rocinha, na zona sul; e Cidade de Deus, na zona oeste.



Autódromo de Jacarepaguá. Será a área destinada a ONGs e empresas do estado do Rio, com eventos entre os dias 13 e 22 de junho. 



Comitê Nacional Organizador: Nas salas e auditórios do centro de convenções acontecerão as reuniões para negociações e acordos políticas da Rio+20, envolvendo as delegações dos países entre 13 e 22 de junho. Também será o local da plenária da ONU onde estarão reunidos os chefes de estado nos dias 20, 21 e 22 de junho. Na área externa do centro de convenções uma infraestrutura especial abrigará os eventos paralelos da ONU, entre os quais os Diálogos Sustentáveis promovidos pelo governo brasileiro dias 16, 17, 18 e 19 de junho. Um estande de 50 metros quadrados será dedicado a atividades de promoção turística e divulgação do Rio.



Forte de Copacabana. Será a área destinada aos governos de cidades reunidos na coalizão internacional C40, voltada para as questões ambientais das grandes cidades. As datas das atividades ainda não foram definidas pela organização.



Em uma área de cerca de 4 mil metros quadrados estão previstos diversos eventos e encontros, entre eles o lançamento de uma marca que visa a associar o estado do Rio ao conceito de sustentabilidade e o Megacidades, encontro nacional sobre políticas públicas voltadas para ações sustentáveis. No pavilhão será lançado o Clean Revolution, pelo Climate Group. Estão previstas também uma sessão da R20, iniciativa liderada pelo ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, e o World Green Summit, encontro empresarial sobre sustentabilidade. Os encontros vão de 13 a 22 de junho.

Se a presença de líderes como Barack Obama (EUA), Yoshihiko Noda (Japão), Mario Monti (Itália) e Vladmir Putin (Russia) ainda é incerta, o mesmo não se pode dizer da massa de ambientalistas e integrantes de organismos internacionais a caminho do Rio. Tanto que, para quem está pensando em participar da conferência, o momento agora é de garantir acomodação, pois praticamente não há mais vagas disponíveis na rede hoteleira. Aguiar afirma que a organização reservou metade dos quartos disponíveis para as delegações oficiais, entre governos de países participantes e funcionários da ONU. Mas o restante já foi reservado por membros da sociedade civil. A própria organização da Rio+20 admite estar encontrando dificuldades para acomodar tanta gente. "A rede hoteleira do Rio é limitada. Estamos esperando 50 mil pessoas só entre os credenciados para a cúpula do Riocentro", afirma Aguiar. O diplomata tentou acionar transatlânticos para ajudar a aumentar a capacidade de hospedagem, mas a alta temporada de cruzeiros até agora impediu deslocamentos.

No time das celebridades, o ex-exterminador do futuro e governador da Califórnia, Arnold Schwarzeneger, deve marcar presença. O grandalhão ganhou força também na defesa do meio ambiente, e vai promover a R20, sua iniciativa para desenvolver uma parceria entre governos regionais para implementar projetos voltados ao desenvolvimento das economias locais com benefícios ambientais, como redução de emissões de carbono e uso eficiente de energia. Bono Vox, líder da banda U2, é outro ativista do time das celebridades que consta na lista de convidados. Nada confirmado, mas com o líder do U2 por aí, a expectativa passa a ser também a de uma canja surpresa.

O ex-presidente americano Bill Clinton e James Cameron, diretor de Titanic e Avatar, também são aguardados na passarela da Rio+20. A ONU ainda não dá pistas, mas é provável que um time de seus embaixadores vá aterrissar na cidade para apoiar a causa. As possibilidades são muitas, e vão de Angelina Jolie a Lionel Messi, de Gisele Bündchen a George Clooney, de Zinedine Zidane a David Beckham. O governo federal também promete trazer CEOs de grandes empresas e vencedores de Prêmios Nobel para painéis dos Diálogos sobre Sustentabilidade, que ocorrem no Riocentro, entre os dias 16 e 19. 

O governador do Rio, Sérgio Cabral, vai oferecer um jantar de gala para governadores regionais de outros países no Palácio Guanabara. A ideia é promover o Rio como líder. "É uma oportunidade muito grande para o estado se posicionar na liderança do desenvolvimento sustentável. O Rio de Janeiro tem grandes riquezas minerais e naturais e pode ser a capital intelectual dessa nova economia verde e sustentável", afirma o superintendente de economia verde do estado, Walter Figueiredo de Simoni. 

A diversidade de temas na pauta da Rio+20 também levará à cidade uma lista extensa de organizações não-governamentais. Conhecidos por fazer protestos e demonstrações tão criativas quanto ousadas, o Greenpeace e a World Wide Found for Nature (WWF) já confirmaram presença. O Greenpeace vai trazer seu novo navio, o ‘Rainbow Warrior III’, que ficará aberto para visitação. De acordo com o representante da ONG no Brasil, Nilo D´Ávila, representantes da indústria naval vão ser chamados para conhecer a embarcação, que é construída para ser ‘ecoeficiente’ nos mínimos detalhes. Um exemplo é o uso de água. O barco tem a capacidade de armazenar 59 metros cúbicos de água utilizada para banho e descarga, sem precisar jogá-la no mar. Um sistema especial de filtro biológico ajuda a limpar a água, que volta a ser usada pelos tripulantes. O Greenpeace também planeja montar um acampamento modelo alimentado a energia solar, onde vai ministrar oficinas. Para as ONGs, o ponto alto será a Marcha das ONGs, programada para ocorrer no Aterro do Flamengo.




O navio 'Rainbow Warrior III', estrela da frota do Greenpeace, estará no Rio durante a Rio+20

As favelas do Rio, que desde o início do programa de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) tornaram-se pontos de visitação, também estarão em evidência. O governo do Estado promoverá visitas e atividades culturais em áreas consideradas pacificadas. As escolhidas são o Complexo do Alemão, Chapéu Mangueira/Babilônia, Pavão-Pavãozinho, Cantagalo, Rocinha, Vidigal e Cidade de Deus.

Programação – As atividades começam simultaneamente no dia 13 de junho. O Riocentro vai abrigar as rodadas de negociações entre diplomatas para a adoção da declaração final da conferência. Lá, estará em jogo boa parte do sucesso ou fracasso da Rio+20. Dependendo do conteúdo, os líderes mundiais podem decidir se embarcam ou não para o Rio. 

De acordo com o economista Sérgio Bessermann, que é coordenador do grupo de trabalho da prefeitura do Rio para a Rio+20, haverá diversos canais para participação popular para quem estiver na cidade. Ele salienta que o envolvimento da sociedade é importante para o êxito da conferência. Mesmo quem não puder vir ao Rio, pode influenciar ações mais ousadas por parte dos governantes através de canais da internet. "Há uma tendência por parte das autoridades envolvidas a se acomodar. Só a pressão da opinião pública pode mudar isso", defende. 

A ONU vai promover também dentro do Riocentro oportunidades de debates entre os chamados Grandes Grupos, que representam a sociedade civil. Mas as principais manifestações populares vão ocorrer na Cúpula dos Povos, que, assim como a conferência da ONU, é uma extensão do Fórum Global, que ocorreu simultaneamente à conferência de 20 anos atrás. Assim como na ECO-92, a cúpula vai aglutinar a maior parte dos movimentos não governamentais. Mais de 30 entidades já confirmaram presença.

O comitê organizador reservou ainda quatro armazéns do Píer Mauá para abrigar uma feira de inovações tecnológicas. O Autódromo de Jacarepaguá será utilizado para concentração da sociedade civil e para a exposição de empresas. Haverá uma exposição temática no primeiro pavimento do Museu de Arte Moderna. O Espaço Vivo Rio também está reservado para eventos. As representações governamentais vão fazer apresentações nos pavilhões que serão montados no Parque dos Atletas (antiga Cidade do Rock). 

Os líderes mundiais só devem começar a chegar a partir do dia 20 de junho, quando as discussões de alto nível têm início, culminando com a adoção do documento final da conferência. A montagem da cúpula no Riocentro está prevista para ter início em abril. Serão construídas 29 salas, com espaços que variam de 50 a 2.200 lugares. De acordo com o ministro Aguiar, tudo está dentro dos prazos. "Claro que queria que estivesse tudo pronto há seis meses. É um período de grandes negociações, de adaptações aos pedidos, mas está tudo controlado", afirma.

Fonte: Veja

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