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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Tamar: Nascimento de tubarãozinho no CV da Praia do Forte surpreende pesquisadores


O tubinha já estava nadando quando foi identificado


O nascimento de um tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum) no tanque do Centro de Visitantes do Projeto Tamar na Praia do Forte surpreendeu os pesquisadores. Com 26cm de comprimento, o tubarãozinho já estava nadando quando foi identificado, no começo de junho. Segundo a médica veterinária Thaís Pires, do Tamar, animais selvagens dificilmente se reproduzem em cativeiro. O nascimento de filhotes pode indicar que esses exemplares estão se sentindo bem, mesmo fora de seu ambiente natural. O novo tubarão está em observação e já se alimenta de pedaços de lulas.

Capturados incidentalmente por pescadores há dez anos, os tubarões ajudam o trabalho de sensibilização e educação ambiental realizado com os visitantes e as comunidades que colaboram com o Tamar. Essa espécie corre risco de extinção e, no Centro de Visitantes, tem a função de chamar atenção para a importância de proteger as praias, mares e oceanos. As pessoas podem conferir de perto que os animais são amigos das tartarugas marinhas e com elas compartilham o habitat e as ameaças à sobrevivência.

A captura incidental é considerada, atualmente, a principal ameaça às populações de tartarugas marinhas, e outros animais também sofrem as consequências. No Brasil, assim como no resto do mundo, a pesca do arrasto do camarão e com espinhéis em alto mar são dois dos principais tipos que interagem com as tartarugas.



Tubarão-lixa – Essa é uma espécie ovovivípara, o que significa que produz ovos que se desenvolvem e eclodem dentro do corpo da fêmea. Logo após nascerem, os filhotes já estão prontos para enfrentar os desafios para sua sobrevivência sem auxilio da mãe (assim como as tartarugas marinhas). Podem nascer de 21 a 50 indivíduos, com uma média de 34, aproximadamente. No Tamar nasceu apenas um, por enquanto, explica a médica veterinária. “Encontramos cascas no fundo do tanque e ainda podem ter ovos a eclodir. Alguns ovos podem ser inférteis. Vamos observar e dar notícias sobre o desenvolvimento do filhote”, conta a médica veterinária.

As fêmeas de tubarão-lixa podem acasalar várias vezes com diferentes parceiros. Havia cinco machos quando a fêmea do tanque no CV foi fecundada. O acasalamento pode acontecer a cada dois anos. Os tubarões mais jovens têm uma coloração diferenciada dos adultos, com pintinhas escuras pelo corpo. Ao nascer, os filhotes precisam enfrentar os perigos sem os cuidados da mãe. A coloração diferente permite que se camuflem, ficando quase invisíveis. Quando atingem uma média de 60 cm vão perdendo as pintinhas e ficando com uma coloração marrom-amarelado escuro. Os machos chegam à fase adulta entre 2,14 e 2,15 metros, e as fêmeas entre 2,23 e 2,31 metros.

O tubarão-lixa ocorre em toda costa brasileira e é amplamente distribuído no Oceano Atlântico tropical e subtropical. Vive em fundo de areia, próximo a rochas e corais em águas mornas, desde a superfície até uma profundidade de 60 metros. Possui hábitos noturnos e permanece imóvel por horas durante o dia. Alimenta- se de moluscos, crustáceos e peixes, que captura por sucção.

Estudo: florestas urbanas ajudam a salvar vidas nas grandes cidades


As florestas de Nova York salvam até oito vidas por ano

Segundo estudo do Cientistas do Serviço Florestal dos Estados Unidos com o Instituto Davey, as árvores podem salvar uma vida por cada ano e reduzir a poluição nas cidades.

O estudo foi realizado com amostras de dez cidades dos EUA: Atlanta; Baltimore; Boston; Chicago; Los Angeles; Minneapolis; Nova York; Filadélfia; San Francisco e Syracuse. A conclusão dos cientistas é que as árvores ajudam no controle de pequenas partículas de poluição, que geram doenças graves no pulmão, aterosclerose acelerado (formação de placas nos vasos sanguíneos), problemas cardíacos, inflamações e morte prematura.

Nova York apresentou os melhores resultados entre florestas urbanas e grandes cidades. A vegetação da cidade salva até oito pessoas por ano.

Outro dado da pesquisa mostra que as árvores plantadas na cidade, a partir de 2011, reduziram mais de dois mil casos de asma e doenças pulmonares, além de maior assiduidade dos funcionários em seus empregos. O que gerou uma economia financeira de U$ 9,7 milhões dos cofres públicos.

Cars traveling down a tree-lined urban street.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Apenas 7,5% da Caatinga está protegida




Parque Nacional do Catimbau, área de preservação da Caatinga

Bioma do semiárido nordestino é o mais sensível à interferência humana e às mudanças climáticas, alertam pesquisadores em conferência do BIOTA Educação

Vegetação da Caatinga em Pernambuco: apenas 7,5% de seu território está protegido em Unidades de Conservação e apenas 1,4% dessas reservas são áreas de proteção integral

A Caatinga é considerada por especialistas o bioma brasileiro mais sensível à interferência humana e às mudanças climáticas globais. Apesar disso, apenas 7,5% de seu território está protegido em Unidades de Conservação (UCs) e apenas 1,4% dessas reservas são áreas de proteção integral.

O alerta foi feito pelo biólogo Bráulio Almeida Santos, do Centro de Ciências Exatas e da Natureza da Universidade Federal da Paraíba (CCEN/UFPB), durante o quinto encontro do Ciclo de Conferências 2013 do BIOTA Educação, organizado pelo Programa BIOTA-FAPESP no dia 20 de junho.

“A região Nordeste tem 364 reservas registradas no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC). Apenas 113 (ou 31%) têm como objetivo proteger a Caatinga, embora esse bioma seja predominante em todo o semiárido brasileiro. É uma contradição que precisa ser revertida”, afirmou Santos.

Ainda segundo o levantamento feito pelo biólogo, quase metade das 113 UCs são particulares e apenas 9% têm plano de manejo. Na avaliação de Santos, a situação reflete a ideia errônea, porém disseminada durante muito tempo, de que a Caatinga seja um bioma pobre, homogêneo e no qual não há “quase nada a ser preservado”.

“A Caatinga sempre foi o patinho feio dos biomas brasileiros. Em primeiro lugar, vem a preocupação com a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado. A imagem da Caatinga é a do solo rachado e a do gado morrendo de sede, mas é a região semiárida com a maior biodiversidade do mundo”, afirmou Santos.

As espécies da Caatinga, no entanto, ainda são pouco conhecidas. Cerca de 41% do bioma nunca foi amostrado. Até o momento, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, foram descritas na região 932 espécies de plantas, 241 de peixes, 79 de anfíbios, 177 de répteis, 591 de aves, 178 de mamíferos e 221 de abelhas. No caso da flora, mais de 30% das espécies descritas são endêmicas, ou seja, não ocorrem em nenhuma outra região do mundo.

O índice de endemismo chega a 57% no caso dos peixes, 37% no caso de lagartos, 12% dos anfíbios e 7% das aves, segundo dados apresentados por Adrian Antonio Garda, do Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CB/UFRN), durante o evento.

“O número de espécies descritas pode parecer pequeno quando você compara com os outros biomas brasileiros. Mas estamos comparando com biomas do país de maior biodiversidade do mundo e em condições climáticas completamente diferentes. Quando você compara com as regiões desérticas mais bem estudadas da América, a Caatinga apresenta bem mais do que o dobro do número de espécies e com altos níveis de endemismo. Isso apesar de mais de 40% do bioma nunca ter sido inventariado”, disse Garda.

Na avaliação de Santos, falta massa crítica dentro das universidades e de institutos de pesquisa locais para ampliar esse conhecimento e difundi-lo entre e os formuladores de políticas públicas. “É preciso levar as informações ao gestor. A falta de vontade política e de lideranças comprometidas com o uso racional da Caatinga é um dos obstáculos para conservação desse bioma”, avaliou.

Também é preciso derrubar o mito de que a Caatinga esteja pouco alterada, defendeu Santos. Estima-se que tenha sobrado apenas 54% do bioma. Os estados que mais desmataram foram Bahia, Ceará, Piauí e Pernambuco.

“Mas, ao contrário do que acontece no caso da Mata Atlântica, não sabemos com precisão o que já se perdeu do bioma e como estão distribuídos os fragmentos restantes. Do ponto de vista da conservação, é fundamental saber se são muitos fragmentos pequenos ou poucos fragmentos grandes para pensar em como reconectar as paisagens”, disse.

Reverter a perda de hábitat na Caatinga, no entanto, não é tarefa simples, explicou Santos. A escassez de água na região dificulta a fotossíntese e faz com que o bioma apresente uma resiliência muito pequena à interferência humana.

Ameaças

O principal fator de degradação da Caatinga hoje é, segundo Santos, o desmatamento praticado para obtenção de lenha e de carvão vegetal. Cerca de um terço da lenha cortada é para uso residencial. A maior parte do carvão vai para siderúrgicas e para os polos de gesso e cerâmica do Nordeste.

O biólogo também citou como ameaças o uso indiscriminado de fogo em práticas agropecuárias, a introdução de frutas exóticas à região e as criações extensivas de caprinos, ovinos e bovinos.

“Não estou defendendo que se deixe de criar bode ou se pare de usar lenha. Isso é parte da economia e da cultura local. Mas é preciso ordenar o uso dos recursos, fazê-lo de forma racional. Caso contrário, a consequência será a desertificação”, defendeu Santos.

Outra importante ameaça, por mais contraditório que pareça, é o uso excessivo de água para irrigação agrícola. “Na Caatinga, naturalmente, chove pouco e o solo é compacto e duro. Em vez de a água ser rapidamente absorvida e conduzida para o lençol freático, ela se acumula e traz os sais e os nutrientes existentes no solo para a superfície. Quando a água evapora, ocorre a salinização do solo, o que compromete a vegetação e a agricultura”, explicou Santos.

De acordo com o pesquisador, já existem na região núcleos de desertificação – áreas com alto grau de degradação ambiental onde o solo está exposto e exibe alto grau de erosão, há pouca diversidade biológica e pouca cobertura vegetal.

“O polígono de maior risco de desertificação no Brasil está no Nordeste. Por já ser naturalmente uma região semiárida, a Caatinga é o bioma mais ameaçado pelas mudanças climáticas. À medida que o planeta esquenta, o déficit hídrico, que já é grande, tende a crescer”, alertou.

Ainda durante o quinto encontro do Ciclo de Conferências 2013 do BIOTA Educação, Luciano Paganucci, do departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Feira de Santana (DCBio/UEFS), apresentou um panorama sobre a flora da Caatinga, falando sobre sua origem, evolução e as respostas adaptativas desenvolvidas para lidar com a falta d’água.

Organizado pelo Programa BIOTA-FAPESP, o Ciclo de Conferências 2013 tem o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento do ensino de ciência. O próximo encontro será em 22 de agosto, quando estará em pauta o “Bioma Amazônia”.

Em 24 de outubro, o tema será “Ambientes Marinhos e Costeiros”. Finalizando o ciclo, em 21 de novembro, o tema será “Biodiversidade em Ambientes Antrópicos – Urbanos e Rurais”.

Karina Toledo, da 



Vídeo que retrata o Bioma Caatinga e algumas de suas características, pela aventura de um grupo de jovens que visita o local.

Este programa foi produzido pelo Projeto EMBRIAO, da Universidade Estadual de Campinas com recursos do FNDE, MCT e MEC.

Visite o site do projeto:
http://www.embriao.ib.unicamp.br

Visite o portal do professor:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br

Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (RIO+) é inaugurado no RJ



REBECA GRYNSPAN, ADMINISTRADORA-ADJUNTA DO PNUD, 
DISCURSA NO LANÇAMENTO DO RIO+

PNUD e o Governo brasileiro articulam rede de parceiros internacionais em prol de um mundo sustentável

O primeiro aniversário da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20) foi marcado hoje com o lançamento de um de seus legados mais importantes: um centro internacional de excelência em políticas e práticas de desenvolvimento sustentável, na Ilha do Fundão, zona norte do Rio de Janeiro. 

O centro de referência para promoção da integração entre as dimensões econômica, social e ambiental, a ser conhecido simplesmente como RIO+, irá facilitar a pesquisa, o intercâmbio de conhecimentos e promover o debate internacional sobre o desenvolvimento sustentável econômico, social e ambiental. 

Dirigido por meio de uma parceria entre o Governo brasileiro e o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o RIO+ vai reunir um amplo consórcio internacional de parceiros, incluindo governos nos níveis federal e local, agências da ONU, ONGs, universidades, grupos de reflexão e o setor privado, criando um espaço exclusivo para discutir ideias e ações inovadoras para a construção de um mundo sustentável. 

"A abertura deste importante novo Centro mundial é um momento decisivo para a comunidade de desenvolvimento global e representa um impulso firme para enfrentar os desafios e oportunidades do nosso mundo contemporâneo", disse Rebeca Grynspan, Administradora-Adjunta do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Subsecretária-Geral da ONU.

"RIO+ surge em um momento único na história, em meio a um debate político intenso sobre o desenvolvimento sustentável, a erradicação da pobreza, os direitos humanos e a justiça social, e quando a agenda de desenvolvimento global para além de 2015 está sendo objeto de inéditas consultas públicas lideradas pela ONU", afirmou Grynspan na cerimônia oficial de abertura, parte do seminário internacional A implementação da Rio +20: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, organizado pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo PNUD. 

“O debate e a definição dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são parte do importante papel que o RIO+ vai exercer”, disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. 

“O RIO+ será também um espaço político relevante para a promoção do diálogo com a sociedade, abrindo portas para universidades, setor privado, governos e todas as pessoas interessadas em discutir e promover o desenvolvimento sustentável”, concluiu. 

Uma das primeiras atividades do RIO+ será dar prosseguimento às discussões e avaliar as sugestões reunidas através da plataforma dos Diálogos Sustentáveis da Rio+20 (www.riodialogues.com) - lançado antes da Conferência Rio +20, no ano passado. Os Diálogos foram lançados pelo Governo do Brasil – com o apoio do PNUD – e, até agora, engajaram mais de 12 mil cidadãos e especialistas nas discussões que antecederam a Conferência Rio+20. 

A criação do RIO+ foi anunciada no último dia da Conferência, 22 de junho, pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e pela Administradora do PNUD, Helen Clark, que assinaram a parceria e apresentaram a missão do Centro e seus 26 parceiros iniciais. 

RIO+ vai reunir uma equipe de pesquisadores internacionais e nacionais e está localizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE / UFRJ), na Zona Norte do Rio de Janeiro.


sábado, 22 de junho de 2013

Anéis de crescimento do lenho são usados como monitores ambientais na USP


Anéis do lenho indicam alterações em ambientes comprovadamente poluídos

Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, pesquisa realizou o monitoramento de agentes poluentes por meio da análise dos anéis de crescimento formados no lenho dos troncos de árvores, como biomonitores ambientais. 

Levar uma vida saudável em cidades industrializadas, onde a concentração de poluentes atmosféricos aumenta gradativamente sem que percebamos, pode ser considerado um desafio no que diz respeito à qualidade do ar. Além das diversas doenças respiratórias, a intensa poluição provoca graves problemas ambientais, ocasionando efeitos prejudiciais e irreversíveis aos ecossistemas. Foi a partir deste cenário que Matheus Peres Chagas, viu a necessidade do monitoramento dos agentes poluentes por meio da análise dos anéis de crescimento formados no lenho dos troncos de árvores, como biomonitores ambientais. “Essas informações auxiliam no entendimento da dinâmica da poluição atmosférica e na definição de parâmetros e valores para a quantificação do estado de sanidade do ambiente”, afirma o pesquisador.

O estudo, desenvolvido no Laboratório de Anatomia e Densitometria de Raios X, do Departamento de Ciências Florestais, da ESALQ, propôs avaliar os anéis de crescimento do lenho de árvores de sibipiruna (Caesalpinia pluviosa var. peltophoroides) e de ipê de El Salvador (Tabebuia pentaphylla), ambas espécies amplamente utilizadas na arborização de ruas, parques e avenidas das cidades brasileiras.

Segundo Chagas, o biomonitoramento, surgido há mais de 30 anos, é um método experimental indireto utilizado na detecção de poluentes por meio de organismos vivos sendo que os principais vegetais utilizados são os liquens, musgos, samambaias e as árvores. “Para as árvores, os estudos de biomonitoramento têm sido aplicados, principalmente, na avaliação retrospectiva das alterações dos ambientes comprovadamente poluídos, pela análise dos anéis de crescimento, formados a cada ano no seu lenho”.


A pesquisa foi desenvolvida em área do município de Paulínia, interior de São Paulo. Este município destaca-se por possuir 350 empresas industriais, sendo conhecido como o mais importante polo petroquímico da América Latina. “Na avaliação espacial da poluição atmosférica, três outras áreas, nos municípios de Paulínia e de Piracicaba, distantes em 10, 15 e 60 km da região industrial foram selecionadas, estabelecendo-se um gradiente ambiental de pressão antrópica”, conta o engenheiro florestal.

Presença de poluentes

Os resultados obtidos mostraram que as árvores das duas espécies, crescendo na região industrial do município, responderam à presença de poluentes presentes no ambiente a partir da redução da taxa de crescimento e do acúmulo de elementos químicos com grande potencial tóxico em seu lenho, a exemplo do cádmio (Cd), cromo (Cr), níquel (Ni) e chumbo (Pb). Além desses elementos, a avaliação química dos anéis de crescimento, por meio da técnica analítica Laser Induced Breakdown Spectroscopy (LIBS), permitiu identificar com precisão os anos (período entre 1985 e 1990) em que houve o maior acúmulo de cobre (Co), ferro (Fe), magnésio (Mg), manganês (Mn) e zinco ( Zn) no lenho das árvores, diretamente relacionados com o período do início das atividades de diversas indústrias do setor químico na cidade.

Coleta de amostras do lenho pelo método não destrutivo

Segundo o engenheiro florestal, as informações geradas pelo estudo poderão ser utilizadas como forma de monitoramento complementar e com grande precisão – espacial e temporal – às redes instrumentais instaladas no país, a exemplo das implantadas pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), no Estado de São Paulo. “Este trabalho é fundamental para a geração de base de conhecimento na área e como subsídio para a definição de políticas públicas e de legislação de controle, além do monitoramento da emissão de poluentes”, conclui.

Sob a orientação do professor Mario Tomazello Filho, do Departamento de Ciências Florestais (LCF), a pesquisa contou com o apoio do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, por intermédio da equipe do professor Francisco José Krug e equipe, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com o grupo dos professores Edenir Filho e Joaquim Nóbrega, e do Instituto Argentino de Nivología, Glaciología y Ciencias Ambientales (IANIGLA), por meio da equipe do professor Fidel Roig e equipe.

Por Da Redação - agenusp@usp.br
Raiza Tronquin, da Assessoria de Comuincação da Esalq
imprensa.esalq@usp.br

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Sem grandes aves na mata, sementes de palmito-juçara reduzem de tamanho



Desde muito tempo sabemos que as alterações antrópicas trazem consequências para a natureza. A perda de cobertura florestal e a degradação ambiental, por exemplo, têm levado à extinção espécies animais e vegetais. No entanto, segundo Pedro Brancalion, docente do Departamento de Ciências Florestais (LCF), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, pouco foi avaliado no que se refere a como essas alterações impactam na evolução das espécies arbóreas. “Como consequência da redução da cobertura florestal e da caça, perdemos dispersores de sementes de maior porte, sejam eles aves ou mamíferos, por serem mais sensíveis à degradação e também mais caçados pelo homem”.

Se os grandes dispersores somem das matas, sobram as aves e animais de menor porte, que não conseguem dispersar plantas com sementes grandes. “Na falta desses animais, as sementes das plantas que dependem de animais dispersores se concentram próximas à planta mãe, prejudicando a regeneração da espécie”, comenta Brancalion.


O professor da Esalq integrou uma equipe de pesquisadores, liderados por Mauro Galetti, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro (SP), que estudou detalhadamente a ecologia da palmeira conhecida como palmito juçara (Euterpe edulis) em 22 áreas na Mata Atlântica. O resultado do trabalho foi publicado na última edição de maio da revista Science, um dos espaços editoriais mais nobres e concorridos da ciência mundial.

O palmito juçara é bem conhecido por produzir o palmito, muito consumido na culinária brasileira e por isso hoje ameaçado de extinção. Na Mata Atlântica, o juçara é uma importante fonte alimentar para mais de 50 espécies de aves, como papagaios, sabiás, jacús, arapongas e tucanos. Os pesquisadores notaram que em locais onde os tucanos haviam sido extintos há mais de 50 anos pela caça ou desmatamento, as palmeiras juçaras produziam frutos pequenos, enquanto em florestas conservadas e com tucanos as palmeiras possuíam frutos de tamanhos mais variados, apresentando desde frutos pequenos a grandes. “Muitas aves grandes que consomem frutos são caçadas ou não sobrevivem ao desmatamento e a redução da floresta” relata Mauro Galetti, coordenador da pesquisa.

Segundo Brancalion, se a mata não tem mais este bicho, perde-se o principal dispersor dos frutos maiores, o que pode comprometer a perpetuação da espécie. “O juçara produz sementes com grande variação de tamanho e muitos bichos se alimentam de seu fruto. Assim, a presença de uma grande variedade de dispersores mantinha a variação no tamanho das sementes. Mas com a perda dos grandes dispersores, as palmeiras que produziam sementes menores foram favorecidas, pois suas sementes eram levadas para mais longe da planta mãe. Isso resultou numa mudança genética dessas populações ao longo dos mais de cem anos de fragmentação e defaunação da Mata Atlântica, fazendo com que hoje populações de juçara em matas sem tucanos produzam sementes menores”. Em sua participação, Brancalion notou que, nas áreas que perderam esses grandes dispersores, o tamanho médio da semente é menor. “Esse é o achado do artigo. É um dos primeiros relatos científicos de como as interferências do homem na natureza já interferem na evolução das espécies”.
Tamanho da semente

Brancalion contribuiu com a coleta de sementes em campo e, além disso, buscou entender quais as consequências da redução do tamanho da semente para a planta. “Avaliamos as consequências ecológicas associadas à variação do tamanho da semente na espécie. Então observamos que, com a redução do tamanho, a semente fica mais vulnerável à perda d’água e corre mais riscos de morrer”. Segundo o pesquisador, a semente do juçara tem naturalmente alto teor de água e, se perder muita água, morre rapidamente. “Da mesma forma como muitas outras espécies de florestas tropicais úmidas, as sementes de juçara não toleram a perda intensa de água, pois são adaptadas a ambientes com solo úmido o ano todo ou, pelo menos, na época de dispersão das sementes. Notamos que sementes menores apresentam maior superfície de exposição, o que aumenta a intensidade de perda d’água em ambientes secos. Como as sementes de juçara são dispersas principalmente entre os meses de março a junho, período em que se inicia a estação seca, as sementes menores ficam mais vulneráveis. No cenário atual das mudanças climáticas globais, no qual tem-se observado um aumento na intensidade e duração de períodos secos em florestas tropicais úmidas, as sementes menores de juçara tendem a ficar ainda mais vulneráveis, prejudicando a perpetuação da espécie em matas sem grandes dispersores como os tucanos”.

Além de Mauro Galetti e Pedro Brancalion, participaram da pesquisa Roger Guevara, Marina C. Côrtes, Rodrigo Fadini, Sandro Von Matter, Abraão B. Leite, Fábio Labecca, Thiago Ribeiro, Carolina S. Carvalho, Rosane G. Collevatti, Mathias M. Pires, Paulo R. Guimarães Jr., Milton C. Ribeiro e Pedro Jordano.

Caio Albuquerque / Assessoria de Comunicação da Esalq
Mais informações: (19) 3447.8613, email caioalbuquerque@usp.br

Pólen da Mata Atlântica pode ajudar a prever impacto climático, diz estudo


Reserva ambiental no Espírito Santo de Mata Atlântica 

  • Mais de 140 tipos de pólen preservados em sedimento estão sob análise.
  • Floresta registrou alterações no inverno e verão nos últimos 7 mil anos.

Pesquisadores das universidades de São Paulo (USP) e de Edimburgo, na Escócia, estudam mais de 140 tipos de pólen de árvores e ervas preservados em sedimentos do fundo de lagos da Mata Atlântica para entender o impacto que as mudanças climáticas do passado tiveram no ambiente.

Eles também querem analisar o que pode vir a ocorrer com a flora da região.

O estudo sugere que, nos últimos 7 mil anos, a região da Mata Atlântica em Linhares, no Espírito Santo, passou a ter verões cada vez mais chuvosos e invernos mais secos, o que tem levado à mudanças nos tipos de planta encontrados nessa região.


Pesquisadores das universidades de São Paulo e
de Edimburgo coletam amostras de sedimento

Os cientistas chegaram a esta hipótese ao estudar gêneros de pólen que podem sobreviver por milhares de anos.

As mudanças no regime do verão podem ter ocorrido por uma alteração no eixo de rotação da Terra, que acontece a cada 20 mil anos e afeta o clima do planeta, sugerem os pesquisadores. Isso resultou no desenvolvimento de um microlima específico na Mata Atlântica, o que pode ter criado um "refúgio" de floresta antiga, aponta o estudo.
saiba mais

"As descobertas ajudam a explicar a presença de muitas espécies raras na área estudada e poderiam ajudar a prever como as florestas vão mudar no futuro", afirma a instituição de ensino escocesa, em nota oficial.

Os antigos grãos de pólen "nos permitem revelar os segredos do passado e poderiam nos ajudar a prever como esta região vital [próxima a Linhares] vai reagir no futuro. Nosso estudo mostra como as plantas reagiram às mudanças nas condições e eu espero que agora possamos montar uma defesa para a maior proteção destes ecossistemas preciosos", disse o pesquisador Álvaro Buso Júnior, da Universidade de Edimburgo, em entrevista à instituição.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Bromélias e orquídeas ajudam na restauração ecológica


*Estima-se que sejam mais de 35 mil espécies

Pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, mostra que um dos métodos encontrados para promover o aproveitamento de material de florestas a serem desmatadas é o transplante de plantas epífitas, como bromélias e orquídeas, em regiões florestais durante o processo de recuperação ecológica. As epífitas são formas de vida de plantas que habitam árvores, denominadas forófitos, sem, contudo, parasitá-las.

Segundo a bióloga Marina Melo Duarte, pesquisadora no programa de Pós-Graduação em Recursos Florestais da Esalq, a inserção dessa forma de vida em uma floresta é de grande importância para que ela recupere os processos ecológicos. “Além de serem capazes de fornecer microambientes e recursos como flores e frutos e armazenar água, as epífitas atuam na ciclagem de nutrientes. Contribuem, enfim, para o aumento de heterogeneidade de um ecossistema.”

Epífitas fornecem nutrientes, armazenam água e atuam na ciclagem de nutrientes

No cenário mundial atual, mesmo com crescente preocupação ambiental, é possível observar que desmatamentos ainda ocorrem em taxas elevadas, reduzindo a cobertura florestal. Ainda que possa ser diminuído por diversos mecanismos, esse problema tende a permanecer, já que ele é necessário para que ocorram obras de infraestrutura e de outros interesses. A cada ano, mais de 500 hectares de florestas, em diferentes estágios de regeneração, são legalmente desmatados no Estado de São Paulo.

“A supressão vegetal, dentro de certas limitações, é permitida por lei. Apesar de não fazer com que uma floresta retorne exatamente ao que era no passado, a restauração ecológica pode contribuir para reduzir a agravante perda de cobertura vegetal no planeta”, comenta a pesquisadora.

Epífitas fixadas com barbante de sisal e fibra de palmeiras

Transplante viável

No Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal (LERF), a bióloga analisou duas florestas com 13 e 23 anos de processo de restauração, localizadas nas cidades de Santa Bárbara D’Oeste e Iracemápolis, ambas em São Paulo, respectivamente. “Os transplantes de epífitas foram considerados viáveis, especialmente quando realizados em estação chuvosa e utilizando-se barbante de sisal junto a fibras de palmeiras para fixar essas plantas nos trocos das árvores (forófitos). As taxas de sobrevivência das seis diferentes espécies, um ano após o transplante, quando ele foi realizado em estação úmida, variaram entre 63% e 100% das epífitas transferidas”, conta a pesquisadora.

Segundo Marina, a restauração florestal é comumente realizada pela inserção apenas de unidades de árvores em uma área. O chamado “enriquecimento com diferentes formas de vida” é, na maioria das vezes, fundamental ao desenvolvimento de florestas durante o processo de restauração. “Em paisagens fragmentadas devido às atividades humanas, existe uma perda considerável de diversidade biológica. Nesses locais, a dispersão natural é limitada, sendo necessárias intervenções para dar continuidade aos processos ecológicos fundamentais à permanência da floresta ao longo do tempo”, afirma.


Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e orientação do professor Sergius Gandolfi, do Departamento de Ciências Biológicas (LCB), o estudo avaliou a possibilidade de transferência de epífitas, com a proposta de aproveitar o material que pode ser retirado de florestas a serem suprimidas, a partir desse desmatamento inevitável, e empregá-lo no processo de restauração ecológica. Foram analisados os transplantes de 360 unidades de seis espécies de epífitas, pertencentes às famílias Bromeliaceae, Cactaceae e Orchidaceae, para posições diferentes (tronco ou forquilha) de 60 unidades de forófitos que apresentavam distintos padrões de perda foliar e rugosidades de casca.

A pesquisadora afirma que há raríssimos trabalhos envolvendo transplantes de epífitas em florestas durante processo de restauração. “A inserção dessa forma de vida a uma floresta é de grande importância para que ela recupere processos ecológicos, sendo fundamental para que ela retorne à sua trajetória ecológica. É um dos trabalhos pioneiros no que se refere ao enriquecimento de florestas em restauração com diferentes formas de vida”, conclui.

Ambientalista brasileiro dedica a vida às orquídeas

Da Redação - agenusp@usp.br
Raiza Tronquin, da Assessoria de Comunicação da Esalq
acom.esalq@usp.br



*Orquídeas serão devolvidas à natureza

Depois de germinadas, plantas precisam de 
cuidados para que cheguem à idade adulta


Quem vê a floresta amazônica lá do alto, logo a descreve como um mundo verde. Muitos ignoram a variedade de tons escondidos entre as árvores gigantescas. Famosas pela beleza de suas formas e cores, as orquídeas são encontradas em quase todos os países do mundo. Estima-se que sejam mais de 35 mil espécies. Na Amazônia, já foram catalogadas 709, 260 delas genuinamente paraenses.

Apesar da diversidade, a coleta indiscriminada e a devastação de seus habitats ameaçam a sobrevivência das orquídeas amazônicas. Algumas espécies, típicas das áreas de várzea da Região Metropolitana de Belém, hoje, são raramente vistas em ambientes naturais. São encontradas somente em orquidários particulares. "Pouco tem sido feito para reverter esse quadro desolador, apesar da unanimidade quando se fala da beleza e da importância ecológica das orquídeas", alerta o professor Marco Antônio Menezes Neto, da Faculdade de Biologia da UFPA.

Laboratório: mais flores em menor tempo

Além do aspecto ornamental, orquídeas fornecem produtos alimentícios, fármacos ou matérias--primas aproveitadas pela indústria, e imprescindíveis serviços ambientais. Na natureza, elas estão quase sempre no alto das árvores. O pesquisador Marco Antônio Menezes Neto esclarece que "é comum encontrarmos pessoas que consideram as orquídeas parasitas e, por isso, retiram-nas das árvores onde elas se fixam. Na verdade, as orquídeas estão procurando, apenas, um lugar ao sol para fazerem a fotossíntese e não prejudicam essas outras plantas. Elas se alimentam de nutrientes contidos na água da chuva e na poeira do ar, além de estabelecerem, comumente, uma relação muito específica com fungos que auxiliam em sua nutrição”.

Nenhuma espécie botânica é capaz de produzir tantas sementes num único fruto como as orquídeas. Embora produzam até milhões de sementes no ambiente natural, apenas algumas germinam e pouquíssimas se tornarão plantas adultas. A germinação das sementes depende de uma relação mutualística com fungos, que nutrem os embriões durante os estágios iniciais de desenvolvimento. “As orquídeas também se relacionam com determinados insetos, desenvolvendo sofisticadas estratégias para atrair os polinizadores. Daí, a beleza incomum e o cheiro agradável de suas flores.", conta Marco Antônio Menezes Neto.

Em laboratório, a cultura assimbiótica ou semeadura in vitro de orquídeas aumenta a porcentagem de germinação. A técnica consiste em cultivar as sementes em meio nutritivo até que se transformem em plantas completas. “Esse método é importante do ponto de vista comercial e ecológico, pois possibilita o aumento da variabilidade genética das espécies propagadas e permite a produção de um grande número de orquídeas em um curto espaço de tempo", revela o pesquisador.

Ele explica que há outras formas de reprodução de orquídeas, as quais funcionam como uma espécie de clonagem das plantas. No entanto, como o objetivo da pesquisa é reintroduzi-las em seu ambiente natural, é interessante que elas sejam diferentes entre si, ou seja, “precisamos assegurar a variabilidade genética para aumentarmos as chances de que as orquídeas voltem a habitar um determinado ambiente natural. Assim, elas estarão mais preparadas para enfrentar as adversidades de seu meio”, justifica.

"Já multiplicamos 27 espécies, cerca de dez delas são amazônicas, a maioria do gênero cattleya. A intenção é ir aumentando esse número gradativamente, por isso precisamos da colaboração de orquidófilos que possam doar material para a coleta de sementes. Não precisamos de mudas ou de flores, basta uma autorização para ir até a planta e coletar seu fruto, que, normalmente, é descartado pelo criador. Também podemos reproduzir, in vitro, espécies a pedido dos orquidófilos. Estamos abertos a parcerias”, convida Marco Antônio Menezes Neto.

Em breve, de volta à floresta

O projeto iniciou em agosto de 2007 e, em breve, será hora de reintroduzir as plantas adultas no meio ambiente. Elas serão plantadas em áreas de preservação públicas e privadas. "Já fizemos alguns contatos e pretendemos plantar orquídeas no Jardim Botânico da Amazônia Bosque Rodrigues Alves, no Parque Ambiental do Utinga, no Museu Zoobotânico Emílio Goeldi, no Crocodilo Safari Zoo e em uma área privada localizada, em Santo Antônio do Tauá. Quando o momento chegar, vamos convidar escolas de ensino médio e fundamental para participarem da reintrodução, com o objetivo de despertar nesses jovens a consciência da importância da preservação dessas plantas", revela o professor.

As orquídeas amazônicas pertencem, principalmente, aos gêneros Catasetum; Epidendrum; Maxillaria; Habenaria e Encyclia. Os três primeiros ainda são vistos em Belém. "Esses gêneros conseguiram desenvolver algumas estratégias para se adaptarem às modificações feitas pelo homem no espaço. Uma espécie do gênero Maxillaria, por exemplo, é encontrada no alto das mangueiras distribuídas pelo Centro de Belém”, lembra. No entanto, o pesquisador adverte: “essas situações não diminuem os riscos de desaparecimento de espécies pela destruição das áreas verdes que restaram na cidade ou pela retirada predatória das plantas e flores, o que já pode ter extinguido orquídeas endêmicas, ou seja, as que só existiam em um determinado lugar nem sequer foram descobertas”.

Para Marco Antônio Neto, as plantas produzidas in vitro, a partir do cultivo assimbiótico de sementes, são altamente interessantes para programas de reintrodução de espécies nativas em áreas de preservação ambiental, e talvez programas desse tipo sejam a única solução viável para salvar algumas espécies de orquídeas amazônicas. “A possibilidade de admirar a beleza das orquídeas não pode ser um privilégio de poucos. A beleza de suas flores deve promover a satisfação da coletividade. Para isso, é fundamental que essas plantas maravilhosas sejam reintroduzidas em parques, praças, jardins botânicos ou em qualquer área acessível ao público”, deseja.

Cientistas da Nasa concluem que o fogo devasta mais que o desmatamento na Amazônia


Esta matéria recém publicada demonstra o potencial 
e precisão dos recursos das pesquisas (Globo)

Cientistas da Nasa, a agência espacial americana, descobriram que um tipo de incêndio até então não mapeado na Floresta Amazônica é responsável pela destruição de uma área de mata muito maior do que a perdida através do processo de desflorestamento nos últimos anos. A constatação foi feita por meio de uma técnica considerada inovadora no uso de satélites e apresenta um outro lado para os dados apresentados pelo governo brasileiro indicando a redução do desmatamento nos últimos oito anos.

Na Amazônia, incêndios que atingem a área baixa da floresta, sob a copa das árvores, ficam normalmente escondidos da análise de satélites que detectam a frequência das chamas. Um novo método utilizado nesse levantamento levou agora à primeira estimativa dos danos causados por esse tipo de incêndio na região.

O estudo da Nasa revela que houve ocorrência de fogo generalizado sobre as fronteiras da floresta durante o período pesquisado, de 1999 a 2010. Incêndios recorrentes estão concentrados em áreas áreas nas quais existe uma confluência de condições climáticas adequadas para a propagação do fogo.

"A Floresta Amazônica é bastante vulnerável ao fogo, dada a frequência de chamas que causam o desmatamento e o manejo da terra na fronteira da floresta, no entanto nunca soubemos a extensão regional ou a frequência desses incêndios", afirmou Doug Morton, o principal autor do estudo. A pesquisa foi publicada em 22 de abril na revista Philosophical Transactions of the Royal Society B.

Nos anos em que foi registrada a maior ocorrência de incêndios, como 2005, 2007 e 2010, a área de floresta afetada por esse fogo baixo foi diversas vezes maior do que a área de desflorestamento causada pela expansão da agricultura, informou Morton. O estudo vai além e aponta as condições climáticas - e não o desmatamento - como principal fator determinante do risco de incêndios na Amazônia.

Brasil - NASA New Model Predicts Fire Season Severity in the Amazon

sábado, 8 de junho de 2013

Pesquisas mostram que floresta amazônica está "engordando"


Torres científicas de medição

As torres científicas de medição do *LBA - Experimento de Grande Escala da Biosfera - Atmosfera da Amazônia têm revelado que a floresta amazônica está absorvendo uma quantidade maior de CO2, se comparado aos antigos índices de retenção. Atualmente, a floresta retêm 0.9 toneladas de carbono por hectare por ano, o que leva o pesquisador em mudanças climáticas Paulo Artaxo, que também é representante da Comunidade Científica no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e professor do Instituto de Física da USP, a afirmar que a “floresta está engordando”.

Segundo o professor Artaxo, a questão agora é entender porque isso vem ocorrendo. “Quando o índice de absorção é positivo, significa que a floresta está crescendo. Se for negativo, está diminuindo. Existem hipóteses para explicar isso. A primeira delas pode ser o aumento da concentração de carbono na atmosfera, também chamado de fertilização por CO2, que nos últimos anos aumentou de 280 pra 490 ppm (partes por milhão). Tendo mais CO2 na atmosfera, em teoria, as plantas fariam mais fotossíntese, absorveriam mais”, explica Artaxo.

Levando em consideração o objetivo de remover níveis excedentes de CO2 da atmosfera, a Amazônia tem feito um serviço ambiental relevante para o ecossistema. Mas o fato é que a floresta não poderá crescer de maneira indefinida, pois isso poderia aumentar a mortalidade das plantas e, consequentemente, a emissão de metano e CO2 – gases nocivos que contribuem para o aquecimento global. Para ter certeza disso, segundo o pesquisador, é preciso realizar experimentos de longa duração.

Artaxo afirma também que a seca, que tanto atingiu a região em 2005 e 2010, produz efeitos severos na absorção de carbono pela floresta. “As secas daqueles anos foram as maiores na Amazônia no último século. Na de 2005, foi observada uma gigantesca queda na absorção de CO2 pela floresta. As plantas sentem a falta de água e fecham os estômatos (responsável pela realização das trocas gasosas), impedindo a água de evaporar. Com isso, elas não podem absorver carbono. Os dados da seca de 2010 ainda não foram publicados”, completa Artaxo.

O LBA é o maior experimento ambiental em execução no planeta. Está em atividade há mais de 20 anos e conta com cerca de 1100 pesquisadores – do Brasil e exterior. Atualmente opera 12 torres científicas, cujo objetivo é medir o fluxo de gases presentes no ar, copas, folhas, tronco, solo e raízes, além das condições meteorológicas da Amazônia.

Torre de observação

Cada torre tem o tamanho que varia entre 55 e 85 metros de altura (geralmente a copa das árvores tem entre 25 e 30 metros). Segundo o professor, existem planos para a construção de uma nova torre de medição, com 300 metros de altura.

Por Eduardo Rodrigues
Eduardo Rodrigues, 20, é estudante do 5º semestre de jornalismo da Faculdade do Povo de São Paulo (FAPSP) e aluno do “7º curso Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”, do Projeto Repórter do Futuro.




*O LBA é uma iniciativa de pesquisa internacional liderada pelo Brasil, sendo desenvolvido para gerar novos conhecimentos para entender o funcionamento climatológico, ecológico, biogeoquímico e hidrológico da Amazônia, o impacto das mudanças no uso da terra nesses funcionamentos e as interações entre a Amazônia e o sistema biogeofísico global da terra. O projeto da Ilha do Bananal está inserido no Projeto Instituto do Milênio LBA aprovado no CNPq.

A Torre de Fluxos de Energia e Carbono está instalada numa área ecotonal, ou seja, área de transição entre dos ou mais biomas ou ecossistemas. Os biomas predominantes nos entornos da Ilha do Bananal mostram-se como áreas de tensão ecológica, marcadas pela transição de ecossistemas tendo um elevado potencial de biodiversidade. A área de pesquisa está localizada na região do arco de desmatamento, sendo assim uma região atingida por intensas mudanças no uso da terra, cujos impactos desconhece-se em profundidade.

O projeto tem como base logística o Centro de Pesquisas Canguçu (CPC). O Centro de Pesquisas Canguçu é a base de apoio fundamental para as atividades do projeto, constituindo a contrapartida da Ecológica aos grupos de pesquisa de outros locais por onde as decisões de propostas, implementação e desenvolvimento de atividades são endereçadas.

Objetivo



O LBA envolve o esforço de se estabelecer um sítio experimental para medições de longo prazo que se complementem e ofereçam uma visão abrangente do sistema físico-biótico, e que fortaleça a estrutura local e capacite recursos humanos regionais, visando concretizar um núcleo de pesquisas.

Resultados do Projeto

O projeto realizou a instalação de uma torre de fluxo de energia e carbono na região do entorno da Ilha do Bananal. A torre é responsável pela geração de diversas variáveis meteorológicas, climatológicas e de fluxo de energia e carbono, que são analisados por profissionais com as mais diversas formações. Os resultados das pesquisas realizadas já foram apresentados em congressos científicos no Brasil e em diversos países do mundo, e divulgados nas principais revistas científicas do Brasil e do mundo. O projeto já gerou teses de doutorado, dissertações de mestrado e diversos trabalhos de conclusão de curso.

Apresentação


Informações
Escritório do LBA no Tocantins: (63) 3232.8114 | lba_to@uft.edu.br
Instituto Ecológica de Palmas: (63) 3215.1279 | pesquisa@ecologica.org.br

Informativo LBA

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Vista aérea durante queimada na Amazônia / Depois

quinta-feira, 6 de junho de 2013

SOS Mata Atlântica e INPE divulgam dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica



Período de 2010 a 2011 

Minas Gerais e Bahia foram os Estados que mais desmataram. Rio de Janeiro, que já foi campeão em edições anteriores, apresenta bons resultados, com ocorrência menor de desmatamento e ações efetivas de proteção

São Paulo, 29 de maio de 2012 – A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgam hoje, em entrevista coletiva, os dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, no período de 2010 a 2011. A iniciativa tem o patrocínio de Bradesco Cartões e execução técnica da Arcplan. Os dados completos podem ser acessados no site do Atlas e em www.inpe.br.

O estudo aponta desflorestamentos de 13.312 hectares (ha), ou 133 Km², no período de 2010-2011. Destes, 12.822 ha correspondem a desflorestamentos, 435 ha a supressão de vegetação de restinga e 56 ha a supressão de vegetação de mangue. No dia 27 de maio (domingo), foi comemorado o Dia Nacional da Mata Atlântica. Ela é o bioma mais ameaçado do Brasil: restam somente 7,9% de remanescentes florestais em fragmentos acima de 100 hectares, representativas para a conservação da biodiversidade. Considerando todos os pequenos fragmentos de floresta natural acima de 3 hectares, o índice chega a 13,32%.

Da área total do bioma Mata Atlântica, 1.315.460 km2, foram avaliados no levantamento 1.224.751 km2, o que corresponde a cerca de 93%. Foram analisados os Estados do Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo e Bahia. Por causa da cobertura de nuvens, que prejudicam a captação de imagens via satélite, foram avaliados parcialmente os Estados da Bahia (57%), de Minas Gerais (58%) e do Espírito Santo (36%). Nos demais Estados do Nordeste que estão dentro dos limites do bioma – Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Rio Grande do Norte – a análise foi impossibilitada devido a ocorrência de nuvens.

Os dados são apresentados por Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica; Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo INPE; e Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação.

Para Marcia Hirota, o alerta dado no ano passado parece não ter sido suficiente. Entre os Estados avaliados em situação mais crítica estão Bahia e Minas Gerais, sobretudo nas regiões com matas secas. Em Minas Gerais, os desflorestamentos continuam ocorrendo na região agora chamada de “triângulo do desmatamento”, onde já foram identificados vários desflorestamentos no período anterior. Nesta região, as florestas nativas estão sendo transformadas em carvão e substituídas por eucalipto. “O alerta fica principalmente para Minas, o Estado que mais perdeu em termos de floresta neste período”, observa ela.

Já Flávio Ponzoni ressalta que a cada edição a avaliação tem sido feita com mais agilidade e maior precisão, validando os desmatamentos em imagens recentes de alta resolução e com trabalhos de campo. A base está sendo complementada com as áreas de campos naturais, várzeas, matas ciliares de forma a tornar as próximas versões mais completas e permitir um melhor monitoramento dos impactos negativos decorrentes das alterações do Código Florestal.

“Neste momento de crise, com o desmonte da legislação brasileira e a alteração do Código, é importante ter esse tipo de informação qualificada sendo gerada periodicamente para dar suporte a políticas públicas. Este é um ano de eleições e é fundamental que os candidatos a prefeito saibam qual é a base de Mata Atlântica que possuem em seu município e se comprometam com a proteção e recuperação da floresta”, diz Mario Mantovani.
Ranking do desmatamento

Em Minas Gerais, onde a Mata Atlântica já cobriu 46% do território total do Estado (27.235.854 ha de um total de 58.697.565 ha), hoje restam apenas 3.087.045 ha do bioma original. No período 2010-2011, foram desflorados 6.339 ha.

A Bahia conquistou a triste segunda posição do ranking com o desflorestamento de 4.686 ha. Hoje, restam no Estado 2.408.648 ha de Mata Atlântica, o que, originalmente, já correspondeu a 18.875.099 ha.

Mato Grosso do Sul, Santa Cantarina e Espírito Santo levam, respectivamente, as 3a, 4a e 5a posições, com o desmatamento de 588 ha, 568 ha e 364 ha. A esses números, somam-se desflorestamentos de 216 ha em São Paulo, 111 ha no Rio Grande do Sul, 92 ha no Rio de Janeiro, 71 ha no Paraná e 33 ha em Goiás.

“Apesar da situação preocupante dos dois primeiros colocados, alguns Estados registraram acentuadas quedas em suas taxas de desmatamento, com destaque para os Estados da região Sul”, comemora a diretora da SOS Mata Atlântica. Os três Estados, que na última análise (2008-2010) registraram supressão de vegetação nativa de 3.701 ha (Santa Catarina), 3.248 ha (Paraná) e 1.864 ha (Rio Grande do Sul), neste levantamento registraram desmatamentos de 568 ha, 71 ha e 111 ha, respectivamente.

A situação do Rio de Janeiro é outra que deve ser comemorada. O Estado, que já liderou a lista dos maiores devastadores em análises anteriores, registrou nos últimos anos ocorrências muito menores de desflorestamento, sendo o de 2010-2011 equivalente a 92 ha. “O Estado tem feito um excelente trabalho em prol da conservação da Mata Atlântica com a criação de várias Unidades de Conservação (UCs) nos últimos anos, além de contar com o apoio da sociedade, já que diversos proprietários de terras vêm criando novas Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs) no Rio. Os dois municípios que se destacam no Brasil em número de RPPN são Silva Jardim, o primeiro da lista com 19 reservas privadas, e Nova Friburgo, com 17 RPPNs”, comenta Marcia Hirota.
Confira o ranking dos 10 Estados avaliados:


Nos últimos 25 anos, a Mata Atlântica perdeu 1.735479 hectares, ou 17.354 km2.
Confira o total de desflorestamento na Mata Atlântica identificados pelo Atlas desde 1985 em cada período:
Período 1985-1990: 466.937 ha
Período 1990-1995: 500.317 ha
Período 1995-2000: 445.952 ha
Período 2000-2005: 174.828 ha
Período 2005-2008: 102.938 ha
Período 2008-2010: 31.195 ha
Período 2010-2011: 13.312 ha

Abaixo, um gráfico do histórico do desmatamento desde 1985:

Situação nos municípios

Os novos dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica indicam também o desflorestamento de cobertura nativa por municípios. Minas Gerais e Bahia lideram o ranking, com as seis cidades que mais desmataram no período 2010-2011. Águas Vermelhas (MG), Canavieiras (BA) e Jequitinhonha (MG) foram as campeãs, com 1.367 ha, 1.337 ha e 1.270 ha devastados. Em quarto lugar ficou a cidade baiana de Belmonte, com 902 ha. Na quinta posição, outro município mineiro: Ponto dos Volantes, com 539 ha. Cândido Sales, na Bahia, ficou em sexto lugar, com 363 ha. Em sétimo, aparece a cidade de Taquarussu (MS), com 352 ha, seguida de Linhares (ES), com 320 ha, para depois abrirem espaço para outras 24 cidades de Minas e Bahia.

Para Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, é lamentável que tantos municípios de Minas Gerais e Bahia apresentem dados negativos. Segundo ele, é importante que os municípios brasileiros sigam o que diz a Lei da Mata Atlântica e criem seus Planos Municipais de Conservação e Recuperação do bioma, uma espécie de Plano Diretor para orientar a gestão e uma ferramenta para garantir a continuidade das ações de proteção ambiental em diferentes governos.

Confira o ranking completo das 100 cidades que mais tiveram desmatamento e também os municípios mais críticos de cada Estado no relatório completo do Atlas dos Remanescentes Florestais 2010-2011, no servidor de mapas http://citrus7.dyndns.org/sosma/projeto/atlas-da-mata-atlantica/.

O Atlas dos Municípios da Mata Atlântica revela a identificação, localização e situação dos principais remanescentes florestais existentes nos municípios abrangidos pelo bioma. Por meio do IPMA (Índice de Preservação da Mata Atlântica) – indicador criado pela SOS Mata Atlântica e pelo INPE –, torna-se possível ranquear os municípios que mais possuem cobertura vegetal nativa. Os dados e mapas podem ser acessados pela internet, nos sites www.sosma.org.br, www.inpe.br ou diretamente no servidor de mapas.
Mapa da Área da Aplicação da Lei no 11.428

Desde sua quinta edição, de 2005-2008, o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica considera os limites do bioma Mata Atlântica tendo como base o Mapa da Área da Aplicação da Lei nº 11.428, de 2006. A utilização dos novos limites para os biomas brasileiros implicou na mudança da área total, da área de cada Estado, do total de municípios e da porcentagem de Mata Atlântica e de remanescentes em cada uma destas localidades.

A Mata Atlântica está distribuída ao longo da costa atlântica do país, atingindo áreas da Argentina e do Paraguai nas regiões sudeste e sul. De acordo com o Mapa da Área de Aplicação da Lei nº 11.428, a Mata Atlântica abrangia originalmente 1.315.460 km2 no território brasileiro. Seus limites originais contemplavam áreas em 17 Estados: PI, CE, RN, PE, PB, SE, AL, BA, ES, MG, GO, RJ, MS, SP, PR, SC e RS.

Nessa extensa área, vivem atualmente mais de 62% da população brasileira, ou seja, com base no Censo Populacional 2007 do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, são mais de 112 milhões de habitantes em 3.222 municípios, que correspondem a 58% dos existentes no Brasil. Destes, 2.594 municípios possuem a totalidade dos seus territórios no bioma e mais 628 municípios estão parcialmente inclusos, conforme dados extraídos da malha municipal do IBGE (2005).

A Mata Atlântica, complexo e exuberante conjunto de ecossistemas de grande importância, abriga parcela significativa da diversidade biológica do Brasil, reconhecida nacional e internacionalmente no meio científico. Lamentavelmente, é também um dos biomas mais ameaçados do mundo devido às constantes agressões ou ameaças de destruição dos habitats nas suas variadas tipologias e ecossistemas associados.

O alto grau de interferência na Mata Atlântica é bastante conhecido. Desde o descobrimento do Brasil pelos europeus, os impactos de diferentes ciclos de exploração, da concentração das maiores cidades e núcleos industriais e da alta densidade demográfica, entre outros, fizeram com que a vegetação natural fosse reduzida drasticamente. Temos hoje apenas 7,9% (101.770 km2) de remanescentes mais preservados em áreas acima de 100 hectares. Esse total desconsidera a área do bioma Mata Atlântica do Estado do Piauí, que até o momento não foi mapeado.
Histórico

O Atlas dos Remanescentes Florestais e Ecossistemas Associados do Bioma Mata Atlântica, desenvolvido pela Fundação SOS Mata Atlântica e o INPE, órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, representa um grande avanço na compreensão da situação em que se encontra a Mata Atlântica.

O primeiro mapeamento, publicado em 1990, com a participação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), teve o mérito de ser um trabalho inédito sobre a área original e a distribuição espacial dos remanescentes florestais da Mata Atlântica e tornou-se referência para pesquisa científica e para o movimento ambientalista. Foi desenvolvido em escala 1:1.000.000.

Em 1991, a SOS Mata Atlântica e o INPE deram início a um mapeamento em escala 1:250.000, analisando a ação humana sobre os remanescentes florestais e nas vegetações de mangue e de restinga entre 1985 a 1990. Publicado em 1992/93, o trabalho avaliou a situação da Mata Atlântica em dez Estados: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que apresentavam a maior concentração de áreas preservadas. Os Estados do Nordeste não puderam ser avaliados pela dificuldade de obtenção de imagens de satélite sem cobertura de nuvens.

Um novo lançamento ocorreu em 1998, desta vez cobrindo o período de 1990-1995, com a digitalização dos limites das fisionomias vegetais da Mata Atlântica e de algumas Unidades de Conservação federais e estaduais, elaborada em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA).

Entre o período de 1995-2000, fez-se uso de imagens TM/Landsat 5 ou ETM+/Landsat 7 em formato digital, analisadas diretamente em tela de computador, permitindo a ampliação da escala de mapeamento para 1:50.000 e, consequentemente, a redução da área mínima mapeada para 10 ha. No levantamento anterior, foram avaliadas as áreas acima de 25 hectares. Os resultados revelaram novamente a situação da Mata Atlântica em 10 dos 17 Estados: a totalidade das áreas do bioma Mata Atlântica de Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; e áreas parciais da Bahia.

Em 2004, a SOS Mata Atlântica e o INPE lançaram o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, de forma a fornecer instrumentos para o conhecimento, o monitoramento e o controle para atuação local. A partir desse estudo, cada cidadão pode ter fácil acesso aos mapas e atuar em favor da proteção e conservação deste conjunto de ecossistemas. O desenvolvimento da ferramenta de publicação dos mapas na internet foi realizado pela ArcPlan, utilizando tecnologia do MapServer (Universidade de Minnesota), com acesso nos portais www.sosma.org.br e www.dsr.inpe.br.

Ao final de 2004, as duas organizações iniciaram a atualização dos dados para o período de 2000 a 2005. Esta edição também foi marcada por aprimoramentos metodológicos e novamente foram revistos os critérios de mapeamento, dentre os quais se destaca a adoção do aplicativo ArcGis 9.0, que permitiu a visualização rápida e simplificada do território de cada Estado contido no bioma. Isto facilitou e deu maior segurança nos trabalhos de revisão e de articulação da interpretação entre os limites das cartas topográficas.

A quarta edição do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica apresentou dados atualizados em 13 Estados abrangidos pelo bioma (PE, AL, SE, BA, GO, MS, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS). Um relatório mostrou a metodologia e os resultados quantitativos da situação dos remanescentes da Mata Atlântica desses Estados e os desflorestamentos ocorridos no período de 2000-2005. Essa fase manteve a escala 1:50.000, e passou a identificar áreas acima de três hectares e o relatório técnico, bem como as estatísticas e os mapas, imagens, fotos de campo, arquivos em formato vetorial e dados dos remanescentes florestais, por município, Estado, Unidade de Conservação, bacia hidrográfica e corredor de biodiversidade.

Em 2008, foram divulgados os números atualizados a partir de análises da 4ª edição do Atlas, incluindo os Estados de Bahia, Minas Gerais, Alagoas, Pernambuco e Sergipe, que, somados ao mapeamento dos Estados de Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, gerados pela ONG Sociedade Nordestina de Ecologia, totalizam 16 dos 17 Estados onde o bioma ocorre, ou 98% de Mata Atlântica.

Em 2009, a 5ª edição do Atlas trouxe os números do desmatamento com dados atualizados, até maio de 2009, em 10 Estados abrangidos pelo bioma (BA, GO, MS, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS). Essa edição apresentou a metodologia e os resultados quantitativos da situação dos remanescentes da Mata Atlântica ocorridos nessas regiões no período de 2005-2008.

Em 2010, a sexta edição do estudo trouxe dados atualizados, até maio de 2010, de nove Estados abrangidos pelo bioma: GO, MS, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS. O documento apresentou, sinteticamente, a metodologia atual, os mapas e as estatísticas globais e por Estado. O mapeamento utilizou imagens do satélite Landsat 5 que leva a bordo o sensor Thematic Mapper.

O levantamento de 2011, ano em que a Fundação SOS Mata Atlântica comemorou seu 25º aniversário, foi apresentado o estudo mais abrangente sobre os remanescentes da Mata Atlântica, com a situação de 16 dos 17 Estados, no período de 2008 a 2010. Da área total do bioma, 1.315.460 km2, foram avaliados 1.288.989 km2, o que corresponde a 98%.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Tartarugas gigantes viviam na floresta amazônica



Cientistas brasileiros reconstituíram fóssil de um quelônio terrestre gigante que viveu na região da Amazônia milhões de anos atrás. A tartaruga gigante, com 1,65 metro de comprimento e 0,9 metro de altura, foi reconstruída por paleontólogos da Universidade Federal do Acre (UFAC) com base em fósseis descobertos no ano de 1995, na Amazônia, e que até então não haviam sido analisados.

No total, foram necessários dois anos de trabalho para reconstituir o animal encontrado, que possuía o ventre completo e 60% da carapaça. O resultado final conta não apenas com fósseis, mas também com peças de gesso e espuma. A espécie viveu na Amazônia há cerca de 8 milhões de anos e é do mesmo gênero das famosas tartarugas das Ilhas de Galápagos, apesar de ser duas vezes maior.


De acordo com os cientistas envolvidos no projeto, há casos de animais semelhantes encontrados em outros países da América do Sul, mas nenhum tão grande quanto o quelônio pré-histórico estudado pela UFAC. É provável que essas tartarugas gigantes não sobreviveram às mudanças climáticas e acabaram extintas.

Tartaruga gigante era duas vezes 
maior do que as espécies de Galápagos

Reserva de fósseis tupiniquins

O fóssil da tartaruga gigante foi encontrado em uma região da Amazônia que era coberta por grandes lagos durante o período do Mioceno. Essas condições favoreceram a preservação de diversos fósseis e foi nesse local que pesquisadores encontraram registros do Purussaurus brasiliensis, um dos maiores jacarés que já existiu no mundo.


Nos últimos 30 anos, também foram encontrados fósseis de diversas espécies no Acre, incluindo de preguiças gigantes, mastodontes e outras espécies de jacarés e tartarugas.

Desmatamento na Mata Atlântica é o maior desde 2008, diz levantamento


Espécies de floresta nativas da Mata Atlântica

Informação integra atlas divulgado por Inpe e ONG SOS Mata Atlântica.
Entre 2011 e 2012, bioma brasileiro sofreu perda de 235 km² de floresta.

O desmatamento na Mata Atlântica entre os anos de 2011 e 2012 causou a perda de uma área de 235 km² de floresta (que inclui mangues e restingas), taxa anual considerada a maior desde 2008. As informações fazem parte do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado na manhã desta terça-feira (4) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela organização não-governamental (ONG) SOS Mata Atlântica.
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No período que vai de 2008 a 2010, a taxa média anual de desflorestamento foi de 151 km². No levantamento de 2010 a 2011, a taxa anual ficou em 140 km².

Na comparação dos dez estados avaliados em todos os períodos do atlas (feito desde 1985 e que incluiu BA, ES, GO, MG, MS, PR, RJ, RS, SC e SP desde o início), o aumento foi de 29% em relação a medição feita em 2010-2011.

Segundo o atlas, os estados de Minas Gerais, Bahia, Piauí e Paraná são os que têm situação mais crítica, já que nesses locais foi constatado um avanço na derrubada da vegetação nativa.

Minas foi o estado que mais desmatou, responsável por derrubar 107 km² de floresta. De acordo com o atlas, o aumento na taxa de desmate no estado foi 70% maior que no período anterior.

Em seguida, vem a Bahia, que perdeu 45 km² de floresta no período. O Piauí, monitorado pela primeira vez , perdeu 26 km² de área e já é considerado o terceiro estado que mais desmatou o bioma no período de 2011-2012.

Com os dados atualizados, sabe-se que restam apenas 8,5% da vegetação original da Mata Atlântica, que alcança 17 estados brasileiros e é considerado o bioma mais ameaçado do país. Essa paisagem natural é uma das mais ricas em biodiversidade, e até 60% de suas espécies de plantas são endêmicas, ou seja, só existem naquela região.

Ainda segundo o atlas do Inpe e da SOS Mata Atlântica, nos últimos 27 anos, o bioma perdeu 18.269 km² de vegetação nativa, uma área equivalente a 12 cidades de São Paulo.
Com os dados atualizados, sabe-se que restam apenas 8,5% da vegetação original da Mata Atlântica, que alcança 17 estados brasileiros e é considerado o bioma mais ameaçado do país

Perda de restingas e manguezais

Pernambuco foi o único estado que perdeu área de manguezal, ecossistema que funciona como berçários marinhos e são áreas importantes para atividades como a pesca.

Já o maior desmatamento na vegetação de restinga, ocorreu no estado do Rio de Janeiro, na região de São João da Barra.

Nos dois casos, segundo a SOS Mata Atlântica, o impacto ambiental foi causado por obras de infraestrutura, como a construção dos portos de Suape (em PE) e do Açú (no RJ).

Intervenção do Ministério Público em MG
De acordo com o levantamento é a quarta vez consecutiva que Minas Gerais lidera o ranking do desmatamento na Mata Atlântica. Segundo Marcia Hirota, coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica, o estado, que tem a maior cobertura nativa de floresta (10,4% de seu território ainda é coberto por vegetação), é o que mais abriga áreas de supressão.

Para o Ministério Público Estadual, os cortes foram feitos para dar lugar a carvoarias, que abastecem a indústria siderúrgica, e a plantações de eucalipto. As imagens de satélite captaram ilegalidades principalmente no noroeste do estado, na região do Vale do Jequitinhonha.

A situação, considerada grave pelo promotor de Justiça Carlos Eduardo Ferreira Pinto, forçou a instauração de 18 inquéritos contra siderúrgicas instaladas nas proximidades de Sete Lagoas e Divinópolis. O objetivo é saber se insumos que abastecem o setor são extraídos ilegalmente da floresta.

Além disso, foram ajuizados três processos criminais contra proprietários de fazendas que, segundo o MP, burlaram a lei ao conseguir autorizações para desmatamento de áreas da Mata Atlântica. "As medidas concretas foram tomadas com base em denúncias feitas no ano passado", explicou Ferreira Pinto.

“Estamos protocolando um ofício na próxima semana, pedindo uma moratória para que o governo do estado não conceda mais nenhuma autorização para supressão da vegetação nativa, para qualquer finalidade. Além disso, queremos que seja feita a revisão de todas as autorizações concedidas”, disse Marcia.

Governo de MG diz desenvolver ações de preservação

Por meio de nota, o governo de Minas Gerais informou que desenvolve ações para conter o desmatamento em todo o território mineiro e promove a recuperação ambiental de áreas já degradadas. Segundo o comunicado, entre 2011 e 2012 foram recuperados 129 km² de cobertura vegetal.

Além disso, de acordo com o governo, há recuperação dos corredores ecológicos na Mata Atlântica e no Cerrado, além da criação de novas unidades de conservação. A nota afirma que na última segunda-feira (3), foram assinadas as minutas de criação de três novas unidades no estado e está em estudo a criação de outras 14.

Sobre a fiscalização de crimes ambientais, o governo mineiro afirma que, para impedir a supressão de áreas de vegetação nativa, houve a regulamentação de mecanismos para reposição florestal no estado. Além disso, segundo a nota, há maior vigilância contra incêndios florestais, com investimentos estimados em R$ 20 milhões.

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